Estudo da UFMG investiga impactos do tratamento de câncer fora do domicílio
Distância é fator que traz dificuldades adicionais para pacientes e enfermeiros
Os pacientes diagnosticados com neoplasias malignas sofrem, no decorrer da vida, diversos impactos na saúde e no cotidiano. Vivenciar o processo da doença afeta não só o indivíduo, mas todo o seu ciclo social e familiar. Com base nessa constatação, projeto de pesquisa coordenado pela professora Giovana Paula Rezende Simino, do Departamento de Enfermagem Básica da Escola de Enfermagem, visa coletar dados de pacientes com mais de 18 anos que realizam tratamentos oncológicos fora do domicílio e dos enfermeiros que atuam há mais de seis meses nesse tratamento.
Segundo a professora, as repercussões do deslocamento dos pacientes com câncer para as cidades de tratamento podem trazer muitos desafios do ponto de vista biológico, psicológico e financeiro. Os enfermeiros também enfrentam muitas dificuldades na assistência em casos de urgência dos indivíduos em tratamento. “Nós temos conhecimento empírico desses impactos, e os dados preliminares da nossa pesquisa, que ainda está no início, nos indica informações muito importantes. No caso dos enfermeiros, sabemos que eles sentem dificuldades para realizar intervenções de forma mais adequada para as pessoas que moram fora do domicílio. Esse acompanhamento a distância nos intervalos do tratamento pode gerar muitas dúvidas nos pacientes e muitos efeitos adversos com urgências, já que o enfermeiro não está próximo para fazer esse atendimento”, afirmou.
Escuta e intervenções
Ainda segundo a professora Giovana Simino, é preciso escutar tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes em tratamento para, a partir daí, propor serviços e intervenções às autoridades de saúde. No âmbito macro, seriam necessárias políticas públicas mais adequadas. No âmbito micro, há necessidade de intervenções efetivas para realizar esse acompanhamento e monitoramento do paciente.
Cláudia do Carmo, que faz tratamento de câncer de mama fora de sua cidade de domicílio, afirma que a descoberta da doença mudou a sua vida. "Antes disso, a minha função era trabalhar. Quando eu descobri o câncer, tive que parar tudo para cuidar de mim. Nessa trajetória do tratamento, a gente levanta muito cedo. Eu tenho duas crianças, deixo tudo preparado e acabo levantando às 3 horas da manhã. Na hora de ir embora, a gente tem de esperar todos os outros pacientes para seguir o transporte. É bem cansativo, vamos lutando um dia de cada vez”, relatou.
Para participar da pesquisa, é preciso preencher o questionário disponível nos links: pacientes e enfermeiros.
Equipe: Miryam Cruz (produção e reportagem), Márcia Botelho e Marcelo Duarte (edição de imagens), Miryam Cruz, Victor Rocha, Laio Amaral e Pexels (imagens) e Naiana Andrade (edição de conteúdo)