Ensino

Fale UFMG promove mesa redonda para discutir ensino de Literatura nos cursos da Faculdade

Questões entre as literaturas canônica e contemporânea do Brasil serão debatidas, buscando trazer diversidade para os currículos

Nas universidades federais, os Estudos Literários têm o compromisso com o retorno que esse conhecimento pode gerar para a sociedade
Nas universidades federais, os Estudos Literários têm o compromisso com o retorno que esse conhecimento pode gerar para a sociedade Pexels

Os Estudos Literários vêm expandindo não só a sua noção de si, mas também seus campos de estudo ao longo do tempo, o que abre portas para conhecimentos anteriormente marginalizados e, ao mesmo tempo, gera alguns choques. Para debater essas questões, o Apoio Pedagógico da Faculdade de Letras da UFMG promove na quinta-feira, 3, uma mesa redonda que reúne professores e estudantes para refletir sobre as mudanças no ensino de Literatura e suas repercussões nos currículos da Fale.
  
A atividade Formar para Transformar: sobre o lugar da ideia de formação nas disciplinas de Estudos literários da Faculdade de Letras da UFMG conta com  Rafael Silva e Otávio Moraes, doutorandos em Literaturas Clássicas e Medievais, e Thales Moura, doutorando em Teoria da Literatura e Literatura Comparada, todos da UFMG. A mesa redonda será uma oportunidade para discutir e fazer modificações na estrutura básica dos Estudos Literários, abordando aspectos como tradição, cânone, autoria e representação relacionados à identidade da literatura brasileira. 

A discussão que será realizada no evento foi tema de entrevista no programa Universo Literário desta quarta com o doutorando da Faculdade de Letras Rafael Silva. Na conversa, o pesquisador explicou que o campo de Estudos Literários é responsável pelas áreas de Linguística, Literatura e suas manifestações. 

Para a discussão, é importante pensar no conceito de cânone. “Por volta de 1800, quando a literatura se torna um objeto de estudo dentro das universidades, uma preocupação muito fundamental na instituição diz respeito à nacionalidade. E a literatura se presta a pensar o elemento nacional, a partir das produções consideradas as mais bem acabadas, as mais sublimes de uma língua, dentro de uma cultura ou um povo. E é nesse momento que surge a ideia de um cânone que constitui o núcleo básico a partir do qual uma cultura pode ser conhecida a partir da sua expressão literária. Então o cânone, a princípio, seria o núcleo comum da ideia de brasilidade, o que dá a pensar o que é o Brasil”, explicou o doutorando.

O pesquisador também falou sobre a formação da identidade literária brasileira, discutindo a questão da representatividade e diversidade na literatura canônica e contemporânea. Segundo Rafael Silva, “a gente pode pegar os grandes representantes da literatura canônica e mostrar como certos silêncios são instituídos, como certas figuras, às vezes sub-representadas, podem dizer muito. Isso foi feito, por exemplo, com Machado de Assis. Ele pode ser reconhecido como um representante da literatura negra, afro-brasileira, embora tenha sido branqueado por décadas e mostrado como se fosse um representante da literatura branca brasileira”. 

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Produção: Laura Portugal e Marden Ferreira, sob orientação de Luiza Glória e Hugo Rafael
Publicação: Flora Quaresma, sob orientação de Alessandra Dantas