O professor Fernando Massote, aposentado da Fafich, lança na próxima quinta, 20, em Belo Horizonte, o livro Viagem ao sertão e outras memórias, em que relatos de sua trajetória pessoal se misturam a análises do processo histórico nacional e internacional da segunda metade do século 19 aos dias atuais.

O cientista político parte da sua infância no interior de Minas e passa pelo complexo mundo do pós-guerra para questionar instituições escolas, universidades, sindicatos, estruturas estatais e mesmo o ambiente das ruas. Massote aborda fases como a da Guerra Fria, que influenciaram o cotidiano de milhões de pessoas, e relaciona eventos como o massacre de Canudos, em 1897, e a luta dos camponeses italianos contra os Bourbons de Nápoles, na segunda metade dos 1800, durante o período da unificação italiana.

No campo da política brasileira recente, Fernando Massote aborda, numa mesma sessão, os líderes Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda, todos mortos no período entre a formação da Frente Ampla, em 1966, e 1977. E encontra conexão entre o Ato Institucional nº 5 e o sequestro e morte do ex-primeiro ministro italiano Aldo Moro, líder do Partido Democrata Cristão (DCI).

E ainda encontra relações desses acontecimentos com a atual crise política brasileira. Segundo o autor, muitas explicações podem ser baseadas em questões estruturantes da formação do Estado nacional no Brasil e na Itália, processo realizado em ambos os países, segundo ele, "de cima para baixo, em razão da incapacidade das elites nacionais de elaborar, propor e implementar um programa de desenvolvimento democrático".

Fernando Massote estudou na Université Catolique de Louvain, na Bélgica, e fez doutorado em Ciências Políticas na Universitá Degli Studi di Urbino, na Itália, onde defendeu a tese A explosão social do Sertão de Canudos, em 1981. Também é autor de A história pela metade: cenários de política contemporânea (2005) e fundador do Movimento das Associações de Bairro de Campo Belo (MG).

O evento de lançamento terá início às 19h, na Casa do Jornalista, localizada na Avenida Álvares Cabral, 400.