Livro descreve encontros de diferentes práticas e mundos
Obra que será lançada neste sábado, dia 8, foi organizada por professores da Escola de Arquitetura
O que pode surgir a partir do encontro de diferentes mundos, como o das comunidades quilombolas urbanas e indígenas, e da confluência de conhecimentos universitários, artísticos e de movimentos sociais? Essa discussão está na base do livro Encontro de práticas (Quintal Edições, 2024), que será lançado neste sábado, 8 de junho, na galeria de arte Mama/Cadela, a partir das 14h.
A obra foi desenvolvida no âmbito da plataforma Práticas de encontro, projeto da Escola de Arquitetura da UFMG, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e gestão da Fundep, a Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), Seus organizadores são Frederico Canuto, Amanda Sicca, Daniel Menezes, Everton Jubini e Juliana Marques.
No lançamento, Canuto se junta à pesquisadora na UFMG Junia Mortimer e às lideranças Makota Kidoialê (Kilombu Manzo Nzungo Kaiango) e Kelly Simone Santos (Guarda de São Jorge de Nossa Senhora do Rosário) para uma conversa sobre como o encontro entre diversos modos de pensar e perceber o mundo a partir de suas práticas socioespaciais produzem conhecimentos e territórios singulares.
Fim do mundo como potência
“Num contexto em que está claro o indesviável fim do mundo proclamado há tempos por cientistas e que, agora, parece começar a ser ouvido, o mundo que chega ao fim não é um, mas vários, e o que termina não são todos, mas principalmente aquele(s) vivido(s) e produzido(s) pela hegemonia branca colonial. Encontrar e trocar experiências de práticas socioespaciais parece-nos um singelo movimento que aponta para uma ideia de que o fim do mundo pode não ser um mantra a ser vivido como negatividade, mas como potência para processos de escuta e ajuda mútua criativos e reveladores”, enfatizam os organizadores.
A obra reúne 22 autores de diferentes territórios e vivências, e nomes de alcance internacional, como Micheliny Verunschk, vencedora de alguns dos principais prêmios de literatura em língua portuguesa, e Glicéria Tupinambá, importante liderança do povo tupinambá e articuladora da equipe curatorial da exposição Kwá yapé turusú yuriri assojaba tupinambá (Essa é a grande volta do manto tupinambá, em português).
Outros destaques são Makota Kidoialê, matriarca do Kilombu Manzo Nzungo Kaiango, Kelly Simone Santos, capitã regente da Guarda de São Jorge de Nossa Senhora do Rosário, Glaucia Martins, liderança quilombola responsável pelo processo de mobilização, articulação política e representação externa do Kilombo Família Souza em Belo Horizonte, e padre Mauro Silva, coordenador do projeto Negricidade e curador do Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos (Muquifu).
Narrativas topológicas
A plataforma de contatos e alianças Práticas de encontro é vinculada ao grupo de pesquisa Narrativas Topológicas (CNPq). O projeto permite que investigadores de origens diversas, como povos tradicionais, universidades, movimentos sociais e outras formas coletivas de organização e produção de conhecimento, troquem experiências de existir no mundo contemporâneo, partindo do território como fonte de conhecimento.
Sediado na Escola de Arquitetura da UFMG, o grupo investiga a narrativa como recorte que reflete e interfere na contemporaneidade ao propor a multiplicação dos mundos. Os trabalhos do grupo alcança as áreas de ciências humanas, letras, artes e outras disciplinas preocupadas com a memória, alteridade, ficção e história, assim como os campos de ciências sociais aplicadas, como arquitetura, urbanismo, planejamento urbano, geografia e antropologia, entre outros.
Livro: Encontro de práticas
Organizadores: Frederico Canuto, Amanda Sicca, Daniel Menezes, Everton Jubini e Juliana Marques
Editora Quintal Edições
R$ 60 | 374 páginas
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