‘Mó divertimento’: exposição aborda diversidade dos corpos e das brincadeiras
Estudantes interagem com a mostra e deixam sua marca nas paredes do centro de memória da EEFFTO
Nas paredes e no teto do Centro de Memória da Educação Física, do Esporte e do Lazer (Cemef), desenhos de estudantes do 7º ano do Centro Pedagógico representam seus próprios corpos e estabelecem um contraponto com as bonecas Barbie – símbolos de padrões estéticos considerados artificiais – expostas nas vitrines. Essas expressões integram a exposição Mó divertimento: corpos e sensibilidades, que agrega ações de extensão, pesquisa e ensino em uma perspectiva que associa diversão e corporeidade.
Dividida em módulos, Mó divertimento, que recebe, até 9 de dezembro, estudantes da rede pública municipal, está instalada no primeiro andar da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) e foi organizada especialmente para o Circuito de Museus da Prefeitura de Belo Horizonte.
O passeio pela mostra estimula reflexões sobre “corpos reais”. Por isso, durante seu percurso, os visitantes são convidados a deixar sua marca, que se materializa por meio do contorno de corpos – ou de partes deles, como as mãos – feito à caneta, de assinaturas e mensagens que colorem as paredes do Cemef. Segundo Vitor Pessoa, professor da disciplina de formação transversal Interfaces entre a universidade e a educação básica, trata-se de um espaço que pode ser apropriado por adultos, adolescentes e jovens da maneira que preferirem.
Em outra parte do percurso, os jovens se veem diante da diversidade (cultural e regional) das brincadeiras. O módulo Mó quente aborda, por exemplo, curiosidades sobre a queimada e os nomes que essa brincadeira recebe nos vários estados do país. Esse módulo trata dos aspectos que diferenciam as brincadeiras dos esportes – os últimos, entre outras características, são rígidos e universais em relação a nomenclaturas e condutas.
"O esporte tem regras específicas, o espaço do jogo é o mesmo em todos os lugares, há federações regionais, locais, nacionais e internacionais que fazem com que o esporte seja padronizado. Isso não acontece na brincadeira. Repleta de elementos regionais da cultura, a brincadeira é um patrimônio histórico cultural que carrega a singularidade", contextualiza Vítor Pessoa.
Combinando os dois universos, o módulo Mó invenção propõe uma atividade que perpassa a brincadeira e o esporte, a chamada basqueteca. Inspiradas no basquete, surgido nos Estados Unidos, e na peteca, jogo criado pelos povos originários do Brasil, as crianças arremessam uma peteca nas cestas de basquete. O trajeto se encerra com o frevo, manifestação cultural também de origem brasileira. Os estudantes tiram fotos com adereços típicos da dança e são estimulados a conhecer alguns passos básicos.
Divulgação científica
Além do viés lúdico, a exposição abre espaço para o debate científico, apoiado nas pesquisas históricas desenvolvidas por professores da FaE, da EEFFTO e de outras universidades. Os estudos integram projeto financiado pelo CNPq, sob a coordenação dos professores Marcus Aurélio Taborda de Oliveira, da Faculdade de Educação, e Meily Assbú Linhales, do Departamento de Educação Física. A exposição é, portanto, um dos meios de divulgação de resultados alcançados.
A pesquisa Corpos, natureza e sensibilidades em perspectiva transacional é resultado do trabalho realizado em diversos países e está compilada no livro de mesmo nome. Por meio dela, é possível contemplar alguns recortes de fontes e argumentos relativos aos subtemas da pesquisa desenvolvidos com base na questão central: como foram mobilizados, na temporalidade proposta, os corpos e os sentidos como vetores de produção de sensibilidades consideradas "modernas"?
Os coordenadores explicam: "Pesquisar a educação dos sentidos e das sensibilidades nos impele a inventariar como o corpo se configurou historicamente. O corpo é o que temos de mais concreto, e, ao mesmo tempo, abstrato, imaginarizado, algo que temos e que constantemente nos escapa. Para saber sobre ele precisamos ser capazes de entendê-lo como algo que nos é, ao mesmo tempo, estranho e familiar. No fazer historiográfico, só se tem acesso ao corpo por meio de uma materialidade definida por rastros, vestígios e representações de suas práticas. É sempre um dizer sobre o corpo."
A mostra tem apoio do Centro Esportivo Universitário (CEU), da Rede de Museus, Espaços de Ciência e Cultura da UFMG, da Pró-reitoria de Extensão (Proex) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A visitação, que pode ser feita individualmente ou em grupo, das 8h30 às 17h, é gratuita e aberta ao público. Visitas guiadas em grupo devem ser agendadas pelo telefone (31) 3409-2396 ou pelo e-mail cemefufmg@gmail.com.