UFMG inaugura anexo da Faculdade de Educação, com mais de 30 salas
Obra ficou parada por anos em razão de cortes orçamentários; evento ocorre no dia seguinte ao da notícia de mais um bloqueio de verbas das universidades
O anexo do Bloco B do prédio da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, no campus Pampulha, foi inaugurado nesta terça-feira, 29, em solenidade que contou com a participação dos dirigentes da UFMG. O novo espaço – que totaliza cerca de dois mil metros quadrados, distribuídos em seis pavimentos – abre 23 novas salas de aula, uma sala para defesas, dez salas para os setores administrativos (copa, depósitos, salas técnicas etc.) e uma estrutura para a futura instalação de um observatório astronômico, com teto retrátil automatizado.
“Este prédio é a realização de um sonho coletivo da nossa comunidade”, disse Andrea Moreno, diretora da Faculdade de Educação, na solenidade de inauguração, realizada no auditório Neidson Rodrigues, que fica praticamente na divisa entre o prédio principal e o novo anexo. A atual diretora também agradeceu aos gestores de mandatos anteriores pelo empenho para a retomada e a conclusão da obra – em particular, aos professores Daisy Moreira Cunha e Wagner Ahmad Auarek, diretora e vice-diretor da gestão 2018-2022. Nesse período concentraram-se as obras da segunda fase da construção, que havia sido interrompida em 2015 em razão de contingenciamentos orçamentários impostos pelo governo federal.
Instado por Andrea a fazer um pronunciamento, Wagner Auarek destacou que as novas instalações representam a unidade da comunidade da FaE em face das adversidades. “Esta obra, em seu longo caminhar, representa a união e a luta do coletivo desta casa. Representa a clareza da importância de uma FaE cada vez mais preparada também fisicamente para a sua missão e seu compromisso social e educativo”, demarcou. “A verdade é que, nos últimos anos, a FaE cresceu e criou pós-graduações, cursos lato sensu, projetos de extensão, projetos de pesquisa, mas sem que o espaço físico acompanhasse esse crescimento”, também pontuou Andrea, lembrando que a unidade atende não apenas aos alunos de seus próprios cursos, mas também de outras 15 licenciaturas.
Andrea Moreno ainda comemorou o fato de que, com o anexo, atividades da Licenciatura em Educação do Campo (Lecampo) e da Formação Intercultural para Educadores Indígenas (Fiei) poderão ser realizadas no próprio prédio da FaE, propiciando trocas entre os alunos no espaço. “Aqui, na FaE, entendemos que o espaço também educa. Essas possibilidades de trocas nos corredores, nos cafés, nos elevadores, são muito importantes”, disse. O novo anexo da FaE recebeu o nome de “Inês Assunção de Castro Teixeira”, professora da Faculdade de Educação que morreu em agosto último, a quem Andrea Moreno, diretora da unidade, se referiu como uma “lutadora incansável pela educação”. As instalações da construção já estão em plena atividade.
Mais um bloqueio
Em seu pronunciamento, a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, se viu obrigada a tratar, antes de mais nada, da novidade com que as universidades federais brasileiras foram confrontadas ontem, durante o jogo da seleção nacional na Copa do Mundo do Catar: um novo bloqueio de verbas por parte do governo federal, que a rigor recolheu praticamente todos os recursos que estavam de posse das universidades federais do país. Segundo a reitora, como a notícia é muito recente, o impacto do bloqueio ainda está por ser mensurado.
“O que ocorreu foi que, no momento de fechamento de ano, foi retirada toda a verba que ainda estava nas universidades. Esses recursos estavam para ser empenhados para os pagamentos que devem ser feitos na semana que vem, então ainda estamos mensurando o tamanho do impacto. É um bloqueio que nos preocupa a todos: as universidades têm apenas até o dia 9 de dezembro para completar os empenhos. Isso deixa a universidade em situação bastante delicada”, afirmou a reitora.
Sandra adiantou que medidas já estão sendo tomadas para que o bloqueio seja revertido. “Já estamos articulando com parlamentares e tentando reverter. É inadmissível o que tem sido feito com as universidades, e a história desse prédio revela muito do que nós sofremos nos últimos anos”, disse a reitora, que lembrou que a longa espera pela construção do anexo da FaE é resultado direto dessa sequência de cortes, contingenciamentos e bloqueios financeiros perpetrados pelo governo federal desde 2015 contra as universidades do país.
“Esta obra foi iniciada ainda em 2012, mas logo teve de ser paralisada, em 2015, quando nós tivemos a nossa primeira crise orçamentária, em razão do corte dos repasses de verba para as universidades. A partir de então, os cortes foram sequentes, e nós acabamos ficando sem fôlego financeiro para dar continuidade às obras da universidade”, disse a reitora, lembrando que, no período, a UFMG sofreu um corte de 80% em sua verba de capital e de 50% em sua verba de custeio. “Em um cenário como este, o que nós temos feito é milagre”, enfatizou.
“É um escândalo o que tem acontecido com as universidades públicas brasileiras nos últimos anos”, insistiu Sandra Goulart. “Mesmo com a universidade significativamente maior que temos hoje, o nosso orçamento foi reduzido aos mesmos valores de 2009”, disse. “Temos denunciado isso. Temos feito um apelo para que esse processo seja revertido”, demarcou. Mas Sandra deu a entender que o momento é de otimismo. “Esperamos que a luta não seja tão árdua nos próximos anos”, disse, sinalizando a expectativa de um novo tempo. “Temos de fato a grande esperança de que a educação será valorizada nos próximos anos”, afirmou.
Assista ao vídeo produzido pela TV UFMG sobre o anexo da Faculdade de Educação: