Extensão

Representação do Brasil nos games: estereótipo ou homenagem?

Coordenador de desenvolvimento de jogos da UFMG analisa como o país aparece no mundo dos jogos.

O Brasil está cada vez mais ligado a universos virtuais, é o que indica a Pesquisa Game Brasil (PGB) 2021, onde 72% dos entrevistados jogam games com certa regularidade. Seja por lazer, maior tempo livre dentro de casa ou até mesmo como forma de gerar monetização - por streaming ou esports, os jogadores relatam aumento no tempo de uso dessas plataformas, cerca de 46%.  

Por mais que o consumo tenha aumentado, não foi recentemente que o país começou a ser representado nos jogos virtuais. Em 1991, a franquia Street Fighter introduzia o enérgico Blanka que, apesar de ser brasileiro canonicamente, a identidade do personagem se difere até mesmo dos mitos e folclores nacionais, mesmo evocando traços do curupira, como o cabelo vermelho, porém, sem os dois pés virados para trás e os calcanhares para frente.  Além disso, o Blanka bate no peito como um gorila e mistura a cor verde e a força do Hulk com a carga elétrica disparada do martelo do Thor, em seus golpes no jogo. Os cenários, também, não acompanham de forma fiel as características do Brasil.  

Com base nos games que tem conhecimento, o coordenador de projetos do Laboratório de Experimentação Digital (LED) da UFMG, Rodrigo Campanella, comenta sobre a falta de uma base concreta internacionalmente, não só sobre o Brasil, mas para diversas outras localidades e mídias. “A gente vivencia essa cultura e a gente sabe que a visão internacional brasileira é muito carregada de preconceito, falta de visibilidade e falta de complexidade. Mas eu acho que se a gente olha um pouco mais a fundo esses retratos culturais, mesmo os de fora do Brasil, a gente vai encontrar muito mais reclamações de estereótipos de um certo país ou de um certo povo”, afirma.  

Segundo a opinião do gamer e estudante de jornalismo da UFMG, José Pedro, houve a ausência de uma equipe que estuda as características dos ambientes por trás da produção de alguns games.  “Eles basicamente pegaram a imagem geral do Brasil e inseriram dentro dos jogos”, conta. Mas, também, algumas representações agradam ao público. “Particularmente falando, eu gosto muito do mapa no Street Fighter V, de todas as representações, eu acho o cenário em si ficou muito bonito. Você tem elementos bem fortes do Rio de Janeiro lá, que combinaram com o jogo. Eu achei os detalhes do mapa bem interessantes, por mais que seja uma visão bem resumida”, relata o estudante.  

Equipe: Miryam Cruz e Victor Rocha (produção); Otávio Zonatto e Marcia Botelho (edição de imagens); Naiana Andrade (edição de conteúdo)