Arte e Cultura

Saber indígena transforma barro em obra de arte

Na oficina, são preparados potes, vasos e pratos de acordo com técnicas e pinturas dos xakriabás
Na oficina, são preparados potes, vasos e pratos de acordo com técnicas e pinturas dos xakriabás Foca Lisboa / UFMG

A terra, em muitas culturas, é símbolo de estabilidade e equilíbrio por sustentar nossos pés e, quando trabalhada por mãos hábeis, pode pode produzir arte e diversos utensílios. Na oficinaCerâmica xakriabá, realizada durante esta semana, no Festival de Inverno, estudantes aprenderam técnicas e saberes indígenas utilizados para transformar o barro em arte.

A oficina, ministrada por Nei e Dalzira Xakriabá, contou com a participação de ceramistas iniciantes e experientes que produziram pratos, potes e vasos. Para o preparo e a pintura da cerâmica, foram utilizadas sementes, cascas de coco e toá, pedra que se dissolve em água e é utilizada como pigmento para decorar as peças.

Nesta sexta-feira, 22, está sendo realizada, na Estação Ecológica, campus Pampulha, a tradicional queima da cerâmica xakriabá a céu aberto, que dura o dia inteiro e tem um processo de resfriamento de dois dias, com a retirada das peças finalizadas apenas na segunda-feira.

Uma das participantes é Giane MF, artista plástica visual e educadora, que buscava interação cultural na oficina e foi seduzida pela “simplicidade da proposta e a honestidade no fazer da cerâmica”.

Apesar de já ter trabalhado anteriormente com esse material, foi a primeira vez que Giane teve contato com a cerâmica indígena. “Produzi potes, vasos e pratos, mas talvez algum se quebre durante o delicado processo de queima das peças. Gostei muito do contato com a cultura e os saberes xakriabás”, comentou Giane.

Nei Xakriabá é graduado em licenciatura indígena pela UFMG
Nei Xakriabá é graduado em licenciatura indígena pela UFMG Foca Lisboa / UFMG

Nei Xakriabá é graduado em licenciatura indígena pela UFMG, conhece as diversas aplicações do barro e o utiliza como matéria-prima para a produção de utensílios domésticos e arte, que servem para reforçar e valorizar os conhecimentos do seu povo. Nei aprendeu o ofício com sua mãe, Dalzira Xakriabá, que também participou como instrutora da oficina.

Dalzira Xakriabá ensina como fazer o acabamento das peças
Dalzira Xakriabá ensina como fazer o acabamento das peças Foca Lisboa / UFMG

Além da produção de cerâmica, Nei é educador indígena na cidade de São João das Missões, no Norte de Minas, e ensina artesanato em osso, semente, madeira e fibras naturais. Para ele, os utensílios em cerâmica vão além da produção de arte, “como algo que enriquece e engrandece a pessoa”. Ele comenta que enquanto produz não percebe o tempo passar. “O corpo funciona de outra maneira, traz felicidade, é como uma terapia”, observa.

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