Uso do lodo de esgoto na agricultura desafia pesquisadores e empresas
Aplicação da biomassa em plantações, que reduz custo de descarte e riscos, será discutida em seminário na Escola de Engenharia
Possibilidades e inovações relacionadas ao aproveitamento da biomassa na agricultura serão debatidas durante o seminário internacional Uso de lodo de esgoto nos solos, que será realizado na Escola de Engenharia, campus Pampulha, nos dias 9 e 10 de maio.
São esperados mais de 400 pesquisadores brasileiros e estrangeiros, produtores, estudantes, representantes dos governos e de empresas de saneamento, que discutirão propostas de revisão na legislação e ampliação do uso do lodo de esgoto como produto que agrega valor e receitas ao processo de tratamento de esgoto.
A iniciativa é do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) ETEs Sustentáveis, sediado e coordenado na UFMG, em parceria com a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-MG). As inscrições podem ser feitas no site do INCT.
50 toneladas/dia
De acordo com informações do INCT, a destinação do lodo, um dos resíduos do tratamento de esgoto, é um dos desafios que as empresas que coletam e tratam esgoto enfrentam para qualificar e baratear o tratamento.
Uma cidade do tamanho de Belo Horizonte pode produzir 50 toneladas de lodo no esgoto por dia. O custo de uma destinação adequada a todo esse volume pode ultrapassar os R$ 4,5 milhões por ano, e ainda existe alto risco ambiental e à saúde pública, gerado pelo descarte inadequado.
Pesquisas têm indicado que o emprego da biomassa na agricultura chega a ser 60% mais econômico do que o envio a aterros sanitários e pode representar economia de R$ 470 por hectare fertilizado, o que representa aumento significativo do lucro para o produtor.
Ainda segundo dados do INCT ETEs Sustentáveis, alguns países vêm utilizando o lodo de esgoto para esse fim com bons resultados. Países como França e Alemanha já destinam mais de 30% do lodo de esgoto para a agricultura, e os Estados Unidos utilizam mais de 60% do seu lodo para esse fim. O Brasil usa apenas 3% dessa biomassa, e o objetivo de pesquisadores da UFMG e de outras instituições é ampliar significativamente esse percentual.
Há cerca de 18 anos, a UFMG desenvolve, em parceria com a Copasa, nas instalações da Estação de Tratamento do Ribeirão Arrudas e no campus Pampulha, pesquisa sobre tratamento de esgoto, o que inclui o aproveitamento da biomassa. Nos últimos anos, houve grande evolução dos estudos sobre higienização do lodo, compostagem e mapeamento de áreas em Minas Gerais para receber esse produto.