UFMG e Polícia Federal firmam parceria para investigar autenticidade de obras de arte
Dois laboratórios serão montados, e peritos receberão treinamento
A Polícia Federal recebeu, apenas em 2019, cerca de 300 solicitações para analisar e investigar a autenticidade e o valor de obras de arte. Para ampliar sua capacidade técnica nesse campo, a instituição acaba de firmar uma parceria com a UFMG para a criação de unidades especializadas. Na Universidade, o projeto reúne o Laboratório de Ciência da Conservação (Lacicor), do Cecor, o Centro de Microscopia e os laboratórios de Ensaios de Combustíveis (LEC), de Espectrometria Atômica e de Química Analítica e Ambiental (Leaquaa).
As ações serão desenvolvidas por equipes interdisciplinares – formada por especialistas em história da arte, em química e em outros campos de atuação – que subsidiarão apurações e processos judiciais.
O coordenador do Lacicor, professor Luiz Antonio Cruz Souza, destaca que já houve outras cooperações pontuais com a Polícia Federal e o Ministério Público, mas essa é a primeira parceria formal estabelecida pelas duas instituições. Em 1995, por exemplo, foi aberta, no Rio de Janeiro, uma investigação para apurar a falsificação de quadros atribuídos a artistas famosos, entre os quais, como Candido Portinari. Na ocasião, foi constatado que muitas das peças analisadas não eram autênticas. O próprio Luiz Souza trabalhou na verificação da autenticidade da obra de Debret e participou da análise científica das obras de arte apreendidas pela Operação Lava Jato.
Laboratório espelho
De acordo com o professor Luiz Souza, o projeto será financiado pelo Fundo Nacional de Direitos Difusos. Após a liberação dos recursos financeiros, serão comprados os equipamentos necessários para a instalação de um laboratório na UFMG e outro laboratório espelho na Divisão Nacional de Criminalística, localizado na sede da Polícia Federal em Brasília, e de um banco de dados.
Peritos da PF serão treinados para executar os trabalhos em parceria com os especialistas da Universidade. Por meio dessa parceria, a Polícia Federal terá acesso aos dados de redes internacionais de análise e conservação de obras que a UFMG integra, como a Integrated Platform for the European Research Infrastructure on Cultural Heritage (Iperion-CH).