UFMG sedia principal evento da antropologia latino-americana
De 23 a 26 de julho, mais de 3,5 mil pesquisadores discutirão, no âmbito da RBA, a produção de conhecimento crítico conectada com a construção de relações sociais e ambientais mais justas
A partir desta terça-feira, dia 23, a UFMG recebe mais de 3,5 mil pesquisadores no maior evento acadêmico-científico da área de antropologia do Brasil e da América Latina. Trata-se da Reunião Brasileira de Antropologia (RBA), que segue até o dia 26 com discussões inspiradas no tema Territórios vivos, corpos plurais. Antropologia e saberes críticos.
“O tema alude aos grandes desafios do nosso tempo, como o enfrentamento aos extremos climáticos representados pela seca na Amazônia e as enchentes no Sul do Brasil. Essas ocorrências destrutivas, simultâneas e associadas, são efeitos de processos econômicos e político-institucionais ancorados na mercantilização da natureza, na desigualdade social e na negação dos direitos aos povos indígenas e tradicionais. Para saídas alternativas, a 34ª RBA estimulará o engajamento da antropologia com a produção de conhecimento crítico e transfronteiriço com vistas à construção de uma sociedade mais justa e diversa nas suas relações sociais e com a natureza”, afirma Andréa Zhouri, professora do Departamento de Antropologia da UFMG e presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), instituição realizadora do evento.
A Associação Brasileira de Antropologia foi fundada em 1955 e defende a indissociabilidade entre prática antropológica e defesa dos direitos fundamentais, como direitos étnico-raciais, culturais, sociais e territoriais, tendo produzido contribuições relevantes para as políticas públicas relacionadas às áreas da saúde indígena, educação, meio ambiente, gênero, entre outras. Esta é a terceira vez que a RBA ocorre em Belo Horizonte. A cidade foi sede da 5ª RBA, em 1961, quando Darcy Ribeiro presidia a ABA, e da 18ª edição, em 1992, na gestão de Roque de Barros Laraia.
O evento conta com extensa grade de atividades. Serão três conferências, 104 grupos de trabalho, 76 mesas-redondas, 25 simpósios especiais, quatro minicursos e 10 oficinas distribuídos ao longo dos quatro dias. Essas atividades ocorrem no campus Pampulha, com exceção da conferência de abertura, no dia 23 de julho, que será realizada no Cine Theatro Brasil Vallourec, no Centro da capital mineira. Essa conferência será ministrada por Gersem Baniwa, professor da Universidade de Brasília, e terá como tema Saberes indígenas e lutas territoriais: utopias e retomadas que inspiram vidas e (re)existências.
Programação prévia
Haverá também uma programação nos dias que antecedem o encontro em espaços fora do campus Pampulha. Nesta sexta-feira, dia 19, será realizada no Cine Santa Tereza, em Santa Tereza, a abertura do Prêmio Pierre Verger, dedicado a trabalhos de antropologia visual, como filmes etnográficos e fotografias, seguindo com atividades ao longo de toda a RBA. No sábado, dia 20 de julho, o encontro Antropologia, patrimônios e museus: territórios vivos, corpos plurais será realizado no Museu de Artes e Ofícios, no Centro. O evento A antropologia brasileira em face das ações afirmativas ocorre no Espaço Cultural Escola de Design, da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), no bairro de Lourdes, no domingo, 21 de julho.
Na véspera do início da RBA, segunda, 22 de julho, duas atividades estão agendadas. O seminário Povos tradicionais e mineração: direitos e desafios será realizado no auditório da Faculdade de Direito, também na região central de Belo Horizonte. E o colóquio Formas do conflito armado no Brasil: dinâmicas, atores e práticas terá lugar na Escola de Ciência da Informação. Todos os pré-eventos são abertos ao público amplo.
A programação completa da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia pode ser acessada neste link. Parte dela está integrada às atividades do 56º Festival de Inverno UFMG.