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Zé Carlos da Mata Machado, morto pela ditadura há 50 anos, ganha homenagens em BH

Eventos vão ocorrer na quinta, na ALMG, e na sexta, na Faculdade de Direito, onde ele se projetou como liderança estudantil

José Carlos Novaes da Mata Machado
José Carlos Novaes da Mata Machado foi presidente do Centro Acadêmico Afonso Pena, da Faculdade de Direito, e vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE)Foto: Relatório da CNV

O próximo sábado marca uma efeméride de tristeza para a UFMG. Há 50 anos, no mesmo 28 de outubro, a ditadura civil-militar brasileira matava, sob tortura, dois dos estudantes da Universidade: José Carlos Novaes da Mata Machado, aluno da Faculdade de Direito, e Gildo Macedo Lacerda, da Faculdade de Ciências Econômicas.

Além deles, o regime militar ainda daria fim à vida de dois outros alunos: Walkíria Afonso Costa, aluna do curso de pedagogia, da Faculdade de Educação, executada entre 30 de setembro e 25 de outubro de 1974, e seu marido, Idalísio Soares Aranha Filho, aluno da psicologia, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), assassinado entre junho e julho de 1972.

Na quinta-feira, dia 26, às 19h, a memória de Mata Machado – e de seus companheiros que resistiram à ditadura brasileira – será lembrada em uma sessão no Plenário Juscelino Kubitschek da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), com transmissão pela TV Assembleia. No dia seguinte, às 8h30, as homenagens terão vez no seminário Justiça de Transição e Estado Democrático de Direito, será realizado na Sala da Congregação da Faculdade de Direito.

Na Faculdade de Direito, Mata Machado projetou-se como grande liderança do movimento estudantil em Belo Horizonte, chegando a presidir o Centro Acadêmico Afonso Pena e tornando-se vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Amigo e companheiro de organização política de Gildo Macedo Lacerda, José Carlos foi morto junto com ele, sob tortura, nos porões do DOI-Codi de Recife.

A farsa contada pelo Exército brasileiro sobre as circunstâncias dessas duas mortes – supostamente ocorridas num confronto com um terceiro membro da militância estudantil, história inventada para ocultar as circunstâncias da morte desse terceiro homem – ficou conhecida como o "Teatro de Caxangá", dado o seu caráter fantasioso. O relatório final da Comissão Nacional da Verdade detalha essas e as outras mais de 400 mortes cometidas por agentes da ditadura.

Bate-papo e sessão de cinema
Além dos encontros na Assembleia e na UFMG, pessoas próximas a José Carlos Novaes da Mata Machado e de sua atuação política estão promovendo mais dois eventos em sua memória. O conjunto dessa programação – que reúne atividades da Universidade e externas a ela – pode ser acessado neste site.

Haverá, por exemplo, um bate-papo nesta quarta-feira, 25, às 19h, na Casa do Jornalista, e uma exibição especial do filme , dirigido pelo cineasta Rafael Conde, professor da Escola de Belas Artes (EBA) da UFMG, no sábado, 28, às 10h30, no Cine Santa Tereza. O longa-metragem narra os últimos anos da trajetória de Zé Carlos e sua relação com a militância, a esposa, os filhos e demais familiares. O Portal UFMG conta detalhes sobre essa produção.

A memória de Zé Carlos, Idalísio, Gildo e Walkíria é reverenciada em um monumento instalado em 2004 no gramado da Biblioteca Universitária.  

Caio Horowicz faz o papel de José Carlos Mata Machado
O ator Caio Horowicz interpreta José Carlos Mata Machado no filme 'Zé'Foto: Divulgação | Embaúba Filmes

Ewerton Martins Ribeiro