Pesquisadores do Brasil e da França discutem mediação e cartografia de acervos sonoros e audiovisuais
Pesquisadores brasileiros e franceses participarão, de 30 de outubro a 1º de novembro, no campus Pampulha, do Encontro Amis UFMG – Perspectivas e reflexões sobre arquivo e acervos sonoros e audiovisuais: experiências Brasil-França: cartografia, mídia e mediação. As mesas terão lugar no auditório A104 do Centro de Atividades Didáticas 2 (CAD2).
O evento é gratuito, e não é necessário fazer inscrição. As apresentações das cinco mesas de trabalhos ao longo do dia 30 e na manhã do dia 31 de outubro terão tradução presencial simultânea (a programação está ao fim deste texto).
O projeto de cooperação internacional Amis – Arquivo, Imagem, Mídia e Sociedade junta universidades da França e do Brasil e é financiado pelo Centre National de Recherche Scientifique (CNRS), da França. São promovidos encontros anuais nos dois países. O evento de 2024 no Brasil é promovido pelos grupos de pesquisa Escutas e Acto, com apoio financeiro de Fapemig, CNPq, PPGCOM-UFMG e CNRS, e suporte do Ipead.
Fontes dispersas
Fontes sonoras e audiovisuais são fundamentais para desenvolvimento da pesquisa histórica e para a preservação da memória do cinema, televisão e rádio, além dos acervos das universidades brasileiras. Porém, a maior parte das fontes no Brasil estão dispersas e, muitas vezes, desorganizadas, como ressaltam os organizadores do encontro. Eles lembram que o país não tem uma instituição similar ao Institut National de l’Audiovisuel (INA), responsável pelo depósito legal da produção midiática na França.
“Os produtos radiofônicos e televisivos são considerados, no Brasil, propriedade intelectual das empresas de comunicação e são protegidos pela legislação de direitos autorais. Os acervos de muitas emissoras extintas se perderam ou se encontram fragmentados em diferentes instituições, públicas e privadas. Na maioria dos casos, não há sistematização de informações (metadados) para orientar pesquisadores interessados em tais coleções”, informa o texto de divulgação do encontro.
Os pesquisadores do projeto Amis sentem falta de uma cartografia dessas coleções dispersas e heterogêneas que identifique e organize informações relativas aos acervos de cinema, televisão e rádio, e recomendam uma investigação sobre a história desses fundos e os agentes sociais responsáveis por sua produção e circulação. O evento que terá início no dia 30 foi concebido como oportunidade de “troca e reflexão sobre esse gesto do cartografar a mídia e os arquivos audiovisuais com especialistas do país e da França”.
Programação
30 de outubro, quarta
9h – Sessão formal de abertura
9h30 às 12h – Mesa 1: Cartografias e mídias
Mediação: Fernanda Maurício (UFMG), Graziela Mello Vianna (UFMG) e Nísio Teixeira (UFMG)
O império midiático de Vincent Bolloré: uma cartografia
Evelyne Cohen (École Nationale Supérieure des Sciences de l'Information et des Bibliothèques, ENSSIB) e Isabelle Gaillard (Université Grenobles-Alpes, UGA)
A cartografia como um gesto para abordagem das mediações em Jesús Martín-Barbero
Valéria Vilas Bôas (Universidade Federal de Sergipe, UFS) e Itania Gomes (Universidade Federal da Bahia, UFBA)
Cartografia das coleções INA como ferramenta de mediação
Géraldine Poels (Institut National de l'Audiovisuel, INA)
12h – Almoço
14h30 às 16h30 – Mesa 2: Arquivos, cartografias e sociedade
Mediação: Luciana Heymann (Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz)
O método cartográfico de Walter Benjamin – uma proposição de pesquisa em comunicação
Daniel Melo Ribeiro (UFMG)
O cartografar e o ser que cartografa: engajamentos em mapas de pesquisa
Nuno Manna (Universidade Federal de Uberlândia, UFU) e Thiago Ferreira (UFBA e Universidade Federal de Pernambuco, UFPE)
O samba em Paris e em Belo Horizonte: uma cartografia local das mediadoras e dos mediadores
Pascale Goetschel (Université Paris 1) e Graziela Mello Vianna (UFMG)
17h às 19h – Mesa 3: Arquivo, mídia e história
Mediação: Ana Paula Goulart (Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ)
Que cartografia(s) possível(is) para o estudo da mídia?
Marie-France Chambat-Houillon (Université Panthéon Assas)
Cartografias do cinema documentário e uso de arquivos
José Francisco Serafim (UFBA)
Historiadoras e historiadores no telejornalismo: uma cartografia possível da divulgação de História na televisão
Wellington Amarante (UFU)
O patrimônio audiovisual como diplomacia cultural do Itamaraty
Simele Soares Rodrigues (Université Lyon 3)
31 de outubro de 2024, quinta
9h às 10h30 – Mesa 4: Questões conceituais e metodológicas sobre o trabalho com arquivo audiovisual e sonoro
Mediação: Véronique Ginouvès (Aix-Marseille Université)
Cartografias possíveis do telejornalismo da TV Tupi (1950 - 1980)
Eduardo Morettin (Universidade de São Paulo, USP)
Cotidiano audiovisual de uma festa patriótica: cartografia dos 150 anos da Independência do Brasil (1972) nos acervos da TV Tupi-São Paulo
Fernando Seliprandy (Universidade Federal do Paraná, UFPR)
Construir uma nova cidade ou inventar uma “cidade nova” nos anos 1950? Cartografar os arquivos audiovisuais para documentar a modernidade na mais antiga cidade atômica da França
Pierre Fournier (Aix-Marseille Université)
11h às 13h – Mesa 5: Reflexões em torno do acesso, circulação e preservação de arquivos audiovisuais e sonoros
Mediação: Pascale Goetschel (Université Paris 1)
O gesto cartográfico da/do pesquisador(a) para identificar a circulação midiática dos arquivos audiovisuais: o caso dos 50 anos do discurso de Simone Veil na Assembleia Nacional
Lucie Alexis (UGA)
Recontando a escravidão na mídia: mediações e cartografias possíveis
Fernanda Maurício (UFMG)
A narrativa impossível da guerra. Como arquivar e analisar as vozes contraditórias e as cartografias paralelas?
Anne-Marie Granet-Abisset (UGA) et Véronique Ginouvès (Aix-Marseille Université)
13h – Almoço
14h30 às 17h – Reunião científica do projeto: Discussões sobre as frentes do projeto AMIS: mesa redonda: o léxico
Coordenação: Itania Maria Mota Gomes (UFBA) e Marie-France Chambat-Houillon (Université Panthéon Assas)
17h30 às 19h – Reunião científica do projeto: Discussões sobre as frentes do projeto Amis: mesa-redonda: o guia de fontes
Coordenação: Eduardo Morettin (USP), Luciana Heymann (Fiocruz), Nísio Teixeira (UFMG), Wellington Amarante (UFU)
1º de novembro, sexta
9h às 12h – Discussões sobre os preparativos para os Encontros Amis em 2025 e finalização do projeto em 2026 (site, publicações etc.)
12h – almoço
14h às 18h30 – Visita técnica: Museu da Imagem e Som de Belo Horizonte