Quarta, às 19h: jogadoras de verso do Jequitinhonha se apresentam no Circuito Cultural
O Circuito Cultural UFMG desta quarta-feira, 29 de julho de 2020, terá como atração um grupo que preserva importante herança cultural do Vale do Jequitinhonha: as rodas de verso. O vídeo, com estreia às 19h no canal do YouTube da Diretoria de Ação Cultural (DAC), reunirá 23 integrantes do grupo Mulheres do Jequitinhonha. A apresentação também contribui com o projeto Colabore Hospitais UFMG, que visa arrecadar recursos para os hospitais gerenciados pela Universidade.
Jogar verso, como se diz no Vale do Jequitinhonha, é uma prática comum na região. Em festas, nas celebrações de colheita ou nos encontros das comunidades, as pessoas se juntam para cantar um refrão, que é, na verdade, um entremeado de versos. Eles são jogados individualmente e podem ser cantados de improviso ou fazer parte de um repertório. As quadrinhas de quatro versos, com sete sílabas cada um, têm sua rima marcada na sílaba tônica das últimas palavras do segundo e do quarto versos.
A roda que será lançada na quarta-feira foi gravada pelas próprias jogadoras. Em razão da pandemia, elas não puderam se encontrar para formar a roda, como ocorre nas celebrações. Cada participante gravou seu verso, formando, ao final, uma grande roda virtual. “Apresentamos essas mulheres no seu dia a dia, cantando, nos seus afazeres domésticos, nos seus talentos. Queremos levar um pouco da força e da simplicidade dessas mulheres para o público”, conta Viviane Fortes, coordenadora do projeto sociocultural Mulheres do Jequitinhonha.
O projeto, formado pelas bordadeiras da comunidade de Curtume e pelas tecelãs da comunidade de Tocoiós, está vinculado à Ajenai, organizacão sem fins lucrativos que atua no fortalecimento da cultura e dos saberes do povo do Vale do Jequitinhonha. O grupo tem cerca de 60 integrantes.
Versinhos de bem-querer
Em março deste ano, as Mulheres do Jequitinhonha ficaram conhecidas nas redes sociais por meio dos chamados Versinhos de bem-querer. A iniciativa promove a comercialização de versões digitais e personalizadas dos versos, a fim de divulgar a cultura do Vale do Jequitinhonha e ajudar as comunidades da região a enfrentar o impacto econômico da pandemia de covid-19.
O projeto espalhou-se rapidamente e gerou a venda de mais de 2,5 mil versos no Brasil e em países como Estados Unidos, Israel, Espanha, Alemanha, França, Portugal e Suécia. Um dos versinhos chegou a ser cantado pelo compositor Chico Buarque.
A demanda foi tanta que as encomendas acabaram suspensas. Nesta semana, o projeto volta a receber encomendas por meio deste site. Cada verso custa R$ 26.