A exposição 'Roda das deidades', da artista plástica Flavia Renault, reúne, no Centro Cultural UFMG, trabalhos inéditos, instalações, esculturas e desenhos inspirados na conexão entre a arte barroca mineira e a religiosidade. A curadoria é de Paula Borghi. 

As obras poderão ser vistas até 22 de setembro, de terça a sexta-feira, das 9h às 20h, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h. A entrada é gratuita e tem classificação etária livre.

Casa das mulheres artistas
Carioca de nascimento e residente em São Paulo desde a juventude, Flavia Renault vem de uma família mineira formada por mulheres artistas. Em Belo Horizonte, teve seu primeiro contato com as artes visuais, e é nessa cidade que encontra uma segunda casa. Com produção influenciada pelo barroco mineiro, consequência direta de seu vínculo familiar, Flavia tem, em sua obra, uma expressão artística fortemente religiosa.

A artista dá corpo à mostra Roda das deidades por meio de sete trabalhos em escala humana realizados com algodão cru e gavetas antigas de madeira. Sobre a escolha do título, ela explica: “É uma roda de conversas que tanto pode ser de seres invisíveis, de forças, como de mulheres, de deusas. É também uma dança circular, algo que a gente vê em todas as culturas".

A instalação está no centro da sala expositiva, como um círculo sagrado, comum em práticas ritualísticas. Em diálogo com essa grande obra, apresenta-se também um conjunto de desenhos traçados a partir de documentos familiares da artista e uma série de esculturas em que se usam, sobretudo, materiais como madeira, tecido e papel. “O que temos é uma discussão contemporânea sobre o tema, que vai desde uma missa católica até um diálogo filosófico goetheano e um sabbath das bruxas”, comenta a curadora Paula Borghi sobre o trabalho de Flavia.

Roda das deidades é a primeira exposição individual da artista na capital mineira, território fundamental para a formação artística e pessoal de Flavia Renault.

Trajetória
Flavia Renault é graduada em Artes Plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). Logo após a graduação, percorreu o Brasil com o projeto Contornos, o que rendeu a ela dois livros viabilizados pela Lei Rouanet. Sua obra tem característica cíclica marcada por questões existenciais, com ocorrências metafóricas do conceito de renascimento. Por meio da revisitação de memórias pessoais, familiares e mesmo ficcionais, seu trabalho comumente apresenta resíduos encontrados e objetos colecionados. Das exposições mais recentes, destacam-se Arquipélago, as mostras coletivas Três Marias e Toda volta.