Sob direção de professor da UFMG, Dolly Piercing, primeira drag cantora de BH, apresenta solo autobiográfico no Teatro Marília
Reconhecida como a primeira drag queen cantora de Belo Horizonte, Dolly Piercing celebra 30 anos de carreira com o retorno aos palcos no solo autobiográfico O que terá acontecido a Dolly Piercing?, resultado do trabalho de conclusão de curso da graduação em Teatro na UFMG. O espetáculo integra a programação dos 60 anos do Teatro Marília e celebra o Dia do Orgulho LGBTQIAPN+ com duas apresentações: sábado e domingo, 28 e 29 de junho, às 19h. A classificação etária é de 18 anos, e os ingressos podem ser retirados gratuitamente pela plataforma Sympla.
Segundo a sinopse, o espetáculo apresenta os motivos do desaparecimento de Dolly Piercing da cena cultural e artística da cidade, depois de um período de reconhecimento como atriz, cantora e drag queen. Afastada dos palcos e do mercado de trabalho, Dolly vivia reclusa, mas decidiu romper o silêncio e contar os motivos de ter se tornado uma ex-dependente.
Com dramaturgia e encenação do professor Juarez Guimarães Dias, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), o espetáculo dialoga com as criações, pesquisas e projetos de extensão desenvolvidos no Núcleo de Estudos em Estéticas do Performático e Experiência Comunicacional (Neepec), que trabalha autobiografias e escritas performativas de corpos LGBTQIAPN+. “Precisamos contar essas histórias silenciadas, porque elas existem e são importantes. O espetáculo parte do individual para pensar o coletivo, composto pelas dissidências das normas de gênero e sexualidade e marcado pelos preconceitos sociais”, afirma o professor.
Representatividade e pertencimento
A pesquisa de Dolly aborda a exclusão de pessoas trans e travestis do mercado formal de trabalho, incluindo o artístico-cultural, propondo reflexões sobre vivências e os modos como a transfobia opera em diversas instituições. “Realizar esse trabalho é essencial não apenas para minha formação individual, mas também como oportunidade de representar e afirmar outras trajetórias como a minha. Esta é uma forma de dizer: estamos aqui produzindo, pensando, criando e ocupando, com dignidade e potência, os lugares que também nos pertencem”, afirma Dolly Piercing.
As apresentações no Teatro Marília visam ampliar o alcance da produção artística e acadêmica da Escola de Belas Artes, ultrapassando os limites da universidade e propondo diálogos com públicos mais amplos.
