Evento acadêmico

Trajetória das mulheres no samba é tema de exposição idealizada pelo curso de Museologia

A exposição PRETAgonistas: trajetórias mulheristas no Samba, desenvolvida pela 13ª turma do Curso de Museologia da UFMG, pode ser visitada no Museu Mineiro, instituição que integra o Circuito Liberdade, até 20 de julho, com entrada franca para todos os públicos. A mostra foi idealizada por alunos da disciplina Exposição museológica, sob a coordenação da professora Verona Segantini, da Escola de Belas Artes (EBA). A cada ano, os estudantes se dedicam à concepção, ao planejamento e à montagem de uma exposição temporária em um espaço cultural da cidade.

A proposta da exposição é fomentar reflexões sobre memória, identidade e representatividade das mulheres negras no cenário do samba mineiro. A mostra e as ações educativas e culturais relacionadas a ela buscam ampliar a visibilidade dessa manifestação cultural por meio da contribuição das mulheres, muitas vezes invisibilizadas no cenário artístico. Como afirma o texto de divulgação do evento, “propõe-se um olhar sobre essas trajetórias, trazendo à tona a importância de cantoras, compositoras, pesquisadoras, sambadeiras e produtoras mineiras na preservação e renovação desse patrimônio imaterial. A narrativa é ampliada por meio de depoimentos, registros audiovisuais, objetos afetivos e materiais históricos”.

Ao som dos atabaques
Em conversas com pessoas que vivem e estudam o samba da capital mineira, a turma percebeu a potencialidade de realizar uma exposição sobre a trajetória de mulheres no samba em Belo Horizonte. O primeiro contato da turma se deu ao som dos atabaques – para muitos, uma experiência inédita e marcante – em uma roda de samba de terreiro conduzida pela doutoranda da UFMG Ekedji Alessandra Maria da Silva Gomes. A partir desse momento, escrevem os organizadores, “surgiu a compreensão do papel do corpo, da relação com a religiosidade de matriz africana e do trabalho coletivo. Isso levou ao mergulho nessa temática que se revelava central: o ventre, o centro da terra, a umbigada, as mulheres”. A investigação se aprofundou em outras rodas, visitas a terreiros, festas tradicionais e encontros com a Velha Guarda do Samba, além da consulta a arquivos e pesquisas sobre as mulheres que movimentam a cena cultural e são referência para o patrimônio imaterial de Belo Horizonte.

A exposição dos estudantes de Museologia é uma atividade de formação em extensão universitária e foi construída em colaboração com as cocuradoras, consultoras e colaboradoras Magna Oliveira, Camila Costa, Kely de Oliveira e Alessandra Maria da Silva Gomes, com suas visões das lutas feministas e antirracistas e dos conhecimentos e tradições afro-brasileiras. Foi importante também o diálogo com a Velha Guarda do Samba de Belo Horizonte. A exposição contará ainda com depoimentos completos das PRETAgonistas. A produção foi realizada em parceria com o Navi (Núcleo de Audiovisual da Escola de Ciência da Informação); produção, direção e edição foram coordenadas por Álvaro Volkhadan e por estudantes do curso de Museologia.

A iniciativa tem apoio do Apubh-UFMG+, sindicato dos docentes da Universidade e foi contemplada no edital de apoio a projetos de docentes. A programação pode ser acompanhada no perfil da exposição no Instagram.

Descrição Imagem
Mãe Belinha e Adriana, durante seleção de acervo no terreiro N’zo Kabila, no bairro Concórdia, em BH Foto: Kamila Ferreira