20 anos de morte de Patativa do Assaré
Professora da UFC, Universidade Federal do Ceará, apresenta vida e obra do autor
Há 20 anos, no dia 8 de julho de 2002, morria o poeta e trovador cearense Patativa do Assaré, nome artístico de Antônio Gonçalves da Silva. Foi também compositor, cantor e improvisador brasileiro. Engajado socialmente, o escritor criou como persona literária um caboclo e, a partir de seus cantos, discutiu sobre o campo e foi um crítico da modernidade. O autor foi muito marcado pelo cristianismo, o que se verifica em vários poemas, como O inferno, o purgatório e o Paraíso, que faz uma intertextualidade com a 'Divina Comédia', do poeta florentino Dante Alighieri, e Meu caro jumento, poema dedicado ao Padre Antônio Vieira, escritor do movimento Barroco brasileiro.
Em seus versos, Patativa do Assaré se coloca como um porta-voz dos que não podem falar. Sua escrita busca lidar com problemas sociais, em especial os nordestinos. Suas canções não se colocam como protestos ou revolta, mas como compaixão, seguindo a lógica original cristã. Algumas das características dos poemas são a negação da modernidade e do progresso, mas também uma luta constante contra a injustiça, cantando o misticismo, a saudade e a lealdade. Os textos caminham para uma “utopia sertaneja”, onde reinam a “fartura e abundância”, “safra boa de algodão”, o “direito de viver” e “paz e liberdade”. Entre seus livros, destacam-se o Ispinho e fulô, publicado em 1988, e Canta lá que eu canto cá, de 1978.
Para falar sobre a vida e obra do autor, um dos escritores mais influentes do século 20 no Brasil, o programa Universo Literário conversou com a professora Silvana Militão do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal do Ceará (UFC), Doutora em Linguística e membra do Programa de Pós-graduação em Linguística da mesma Instituição. Entre suas áreas de pesquisa estão Etnolinguística, Língua Portuguesa e Falar Regional.
Ouça a conversa com a apresentadora Michelle Bruck: