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'Outra estação' conta a história de dois quilombos de Belo Horizonte

Programa da Rádio UFMG Educativa mostra a luta dessas comunidades por reconhecimento oficial

Vice-presidente da Associação Quilombola de Mangueiras, Yvone Maria de Oliveira
Yvone Maria de Oliveira, do Quilombo MangueirasIncra

Comunidades familiares formadas por escravos fugidos durante o período colonial. É essa a definição básica de quilombos que normalmente aprendemos na escola. O mais famoso deles, o Quilombo dos Palmares, na divisa entre os estados de Alagoas e Pernambuco, constituiu-se como uma comunidade autônoma de 1590 a 1695, quando foi destruído por um grupo de bandeirantes. O último líder do quilombo, Zumbi, foi morto no dia 20 de novembro de 1694, e é por isso que a data foi escolhida para celebrar a Consciência Negra. 

O que poucos sabem é que, após a abolição da escravatura, o conceito de quilombo foi sendo redefinido. De ambiente criminalizado pelo Estado escravista, no século 16, passou a ser entendido como espaço de resistência pela Constituição de 1988. E se engana quem pensa que quilombos são locais isolados em áreas rurais. Só o município de Belo Horizonte tem quatro comunidades certificadas pela Fundação Palmares. 

No mês em que a UFMG celebra o Novembro Negro, com o tema Aquilombar-se em tempos de luta, o programa Outra estação conta a história de dois quilombos urbanos da capital mineira: o Kilombo Souza, que fica na Vila Teixeira, no bairro Santa Tereza, e o Quilombo Mangueiras, na região do Ribeiro de Abreu.

A luta da família Souza

Moradores do Kilombo Souza
Moradores do Kilombo Souza Karina Marçal I Gabinetona

No primeiro bloco, o Outra estação ouviu Gláucia Cristina Vieira, a representante do Kilombo Souza, reconhecido mais recentemente em Belo Horizonte. Ela fala sobre o longo caminho para obter a certificação: da disputa judicial pela terra contra uma família tradicional da capital mineira às marcas deixadas por anos de preconceito racial e ameaças frequentes de despejo. Advogados envolvidos nos dois lados da disputa também foram entrevistados. 

Ouça o bloco 1 do programa

Caminho para o reconhecimento

Quilombo Mangueiras
Quilombo Mangueiras, no bairro Ribeiro de AbreuRafa Aguiar I CMBH

O segundo bloco resgata a construção da definição de quilombo ao longo da história e mostra os caminhos para o reconhecimento de uma comunidade quilombola. Foram entrevistados a doutora em Geografia Ana Maria Queiroz e o professor da UFMG Carlos Eduardo Marques, que é pesquisador do Núcleo de Estudos Quilombolas da UFMG (NUQ). 

O programa também conta a história do Quilombo Mangueira, onde vivem hoje 35 famílias. Lá o reconhecimento pela Fundação Cultural Palmares veio em 2004. Mas a construção dessa identidade se deu ao longo dos 100 anos de história da comunidade com sua origem ligada à criação dos municípios de Sabará, Santa Luzia e da região de Venda Nova, no fim do século 19. A vice-presidente da Associação Quilombola de Mangueiras, Yvone Maria de Oliveira, contou essa história.

Ouça o bloco 2 do programa

Para saber mais sobre o tema

Comunidades Quilombolas são declaradas patrimônio cultural
Quilombo Mangueiras reivindica definição sobre regularização territorial
Fundação Cultural Palmares
Programação do Novembro Negro na UFMG
Página do Quilombo Mangueiras no Facebook
Página do Kilombo Souza no Facebook

Produção
O episódio 16 do Outra estação teve apresentação de Breno Benevides, produção de Arthur Bugre, Breno Benevides, Gabriela Dias e Vinicius Luiz, edição de Vinicius Luiz e Paula Alkmim e trabalhos técnicos de Breno Rodrigues. A coordenação de jornalismo é de Paula Alkmim. 

Outra estação explora, semanalmente, um tema de interesse social, buscando informações e conversando com pessoas que possam trazer contribuições sobre o assunto. 

Na Rádio UFMG Educativa (frequência 104,5 FM), o programa vai ao ar às quintas-feiras, às 18h, com reprise às sextas, às 7h30. O programa também está disponível nos aplicativos de podcast.