Há cem anos, na cidade do Rio de Janeiro, morria o cronista, escritor e jornalista João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, muito mais conhecido pelo pseudônimo  João do Rio. O escritor viveu apenas 39 anos, metade deles no século 19 e a outra metade no 20, mas, nessa breve estada, João do Rio foi um marco tanto no jornalismo, sendo atribuída a ele a profissionalização da imprensa no Rio de Janeiro, quanto na literatura.

Multifacetado, o jornalista inovou, introduzindo a reportagem in loco, produzindo fora da redação dos jornais, e também chamou a atenção por dialogar com diferentes públicos. Por meio das suas crônicas, trouxe as margens, ou melhor, as partes marginalizadas da rua para os jornais, abordando aspectos culturais e sociais em seus textos. Os personagens considerados anônimos pela imprensa tinham a atenção de João do Rio: os estivadores nos portos, os tatuadores, as prostitutas, os moradores das favelas e dos cortiços, todos eles enriqueciam a sua forma de experimentar o Rio de Janeiro. 

O programa Universo Literário desta quarta-feira, 23, celebrou o cronista carioca João do Rio, lembrando seus 100 anos de morte. Para discutir o centenário da morte do cronista, sua obra e carreira, o programa recebeu a escritora Maria Zilda Cury, professora da Faculdade de Letras da UFMG, que falou sobre a carreira do escritor e jornalista, o uso do pseudônimo e o legado pouco conhecido que ele deixou. Além disso, ela indicou por onde começar a conhecer sua obra.

Entre os maiores sucessos de vendas de João do Rio, estão as obras As religiões no Rio, de 1904, e A alma encantadora das ruas, de 1908, que, quando lançados, venderam 10 mil exemplares. A obra de João do Rio já está em domínio público. 

Além da entrevista, ao longo do programa, foram veiculadas pílulas de trechos da obra do escritor, gravados por Michelle Bruck, Marden Ferreira, Laura Portugal e Beatriz Kalil, com edição de Breno Rodrigues. Ouça as pílulas abaixo:

Trecho do texto Músicos ambulantes, do livro A alma encantadora das ruas:

Trecho do texto Coração, do livro Dentro da noite:

Trecho do texto A vida vertiginosa: 

Trecho do livro A alma encantadora das ruas:

Publicação: Flora Quaresma, sob orientação de Hugo Rafael