Museu Casa Padre Toledo ganha novo projeto expográfico
Inaugurada durante o Festival de Inverno, exposição permanente aproxima visitante do universo inconfidente
“Casa Padre Toledo. Há 300 anos tem estado aqui, observando e ouvindo tudo o que se passou e passa ainda”, disse o ator George Cavalcante ao abrir as portas do Museu para dar as boas-vindas aos novos visitantes. Trajando vestes de inconfidente, Cavalcante personalizou a própria Casa Padre Toledo e apresentou a história dos que ocuparam a residência, um dos palcos das importantes reuniões que resultaram na Inconfidência Mineira.
“A ideia foi conectar passado e presente, tendo o museu como mediador dessa relação por meio das histórias da Inconfidência e do Padre Toledo”, justificou a professora Thaís Fonseca, uma das responsáveis pelo novo projeto expográfico.
Carlos Correia de Toledo e Melo era pároco da Vila de São José del-Rei quando começaram as conspirações da Inconfidência Mineira. Sua casa, um solar construído no século 18, abrigou um dos momentos fundantes da Conjuração, o batizado da filha do poeta Alvarenga Peixoto. O evento inspirou uma senha para os inconfidentes. Para ocultar a data do derradeiro levante, os conspiradores diziam uns aos outros: “Hoje é o dia do batizado”.
“A gente foi identificando o que poderia ser incorporado à exposição, para que ela pudesse se tornar mais completa, complexa e interessante, reunindo informações nem sempre encontradas em outros espaços de Tiradentes”, explica a professora Verona Segantini, diretora do campus cultural.
Entre os destaques da nova expografia, estão mural composto de imagens das capas dos livros da biblioteca do Padre Toledo, sequestrada pela Coroa Portuguesa após a prisão do inconfidente, peças do mobiliário e da própria estrutura da casa histórica, além de inserções do cotidiano, civil e religioso, da população da Vila de São José.
Para Gabriela Monteiro, estudante de História da Universidade Federal de São João del Rei e bolsista do Museu Casa Padre Toledo, a nova exposição traz uma espécie de materialização da história. “A Thais [Fonseca] pensou a exposição de uma maneira muito interessante, numa tentativa de resgatar a humanidade do Padre Toledo e dos inconfidentes e buscar a Vila não como um objeto distante, mas como algo palpável, promovendo uma aproximação com o visitante", explica.
Intervenções e exposições temporárias
“As janelas em Tiradentes contam histórias”, reflete a artista Maria José Boaventura. Afinal, na manhã desta sexta, foram as janelas do Museu Casa Padre Toledo que exibiram a apresentação dos músicos da Sociedade Orquestra e Banda Ramalho, uma das mais antigas bandas de Minas. E é nas janelas dos espaços culturais do Campus Cultural UFMG em Tiradentes que está exposta a intervenção Memórias e janelas – um diálogo, idealizada por Gláucia Buratto de Melo, Márcia Gomes e a própria Maria José Boaventura. “Nessas ocasiões, é muito importante trazer as belezas e os valores que há dentro dessas casas para as janelas, para dialogar com as pessoas", defende a artista.
Objetivo semelhante orienta a exposição Lugares imaginários: uma série de fotografias e relatos orais dos moradores de Tiradentes. Nos porões do Museu Casa Padre Toledo, a exposição com curadoria do professor da Escola de Belas Artes Carlos Henrique Falci traz o cotidiano da Tiradentes atual para dentro do espaço museológico, conjugando fotos e áudios das histórias afetivas contadas pelos moradores da região.