Comunidade aborda recursos, ensino e prédios em audiência sobre PDI
Primeiro encontro foi na Pampulha; nesta tarde, evento ocorre no campus Saúde
Garantia de recursos, mudanças no ensino e infraestrutura física foram alguns dos temas introduzidos pelos participantes da primeira audiência pública sobre o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) 2018-2023. O encontro foi realizado na manhã desta quarta-feira, 22, no campus Pampulha. Nesta tarde, a comunidade do campus Saúde reúne-se na Faculdade de Medicina e, no dia 29, será a vez do campus Montes Claros.
As audiências, destinadas a esclarecer dúvidas e coletar sugestões da comunidade acadêmica, integram o processo de elaboração do novo Plano, iniciado pela produção de textos preliminares pela Comissão de Sistematização e que vai culminar na análise e aprovação pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e pelo Conselho Universitário, em outubro.
Na introdução ao assunto, o professor Ricardo Takahashi, que preside a Comissão, salientou que o PDI deve atender a requisitos formais – seguir referências legais e normativas, ser compatível com os critérios de avaliações externas e órgãos de controle, viabilizar participação da Universidade em programas governamentais –, mas conterá também dados históricos, valores e diretrizes gerais para desenvolvimento.
“Nossa ideia é que o documento articule passado com futuro, incorpore contribuições de uma comunidade cada vez mais diversa e preveja a possibilidade de modificações enquanto estiver em vigor”, disse Takahashi. “Ele deve ser um texto vivo, alimentado pelas demandas do dia a dia, o que vai fortalecê-lo e fazê-lo pertencer efetivamente à comunidade.”
Repertório diversificado
Em resposta à primeira intervenção, feita pela professora Paula Miranda-Ribeiro, diretora da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), Takahashi disse que as sugestões tiradas das discussões nas unidades, por exemplo, devem contemplar objetivos aplicáveis a toda a Universidade. Cristina Alvim, professora da Faculdade de Medicina e também integrante da Comissão, acrescentou que o PDI pode fornecer subsídios para o planejamento estratégico das próprias unidades, mas que o intuito, agora, é tratar de temas que afetem a UFMG.
Ricardo Sales, técnico do Departamento de Gestão Ambiental, disse que sentiu falta, nos textos preliminares, de menção mais explícita à questão do meio ambiente. “Obtivemos o licenciamento ambiental para o campus Pampulha, mas há condicionantes a cumprir, e ainda caminhamos a passos lentos. É importante que o PDI contenha uma proposta de longo prazo”, comentou.
Amanda, psicóloga recém-formada pela UFMG, manifestou preocupação com o índice de adoecimento dos estudantes e reivindicou novos modelos para os currículos de graduação, “para acompanhar a democratização do acesso à Universidade”. A flexibilização é necessária, segundo ela, para dar aos alunos maior liberdade no processo de aquisição do conhecimento. Ricardo Takahashi concordou que é preciso diversificar o repertório no ensino e informou que os textos preliminares contemplam a preocupação, em linha com iniciativas recentes da instituição destinadas à inovação nas práticas docentes e nas rotinas de sala de aula.
Também a respeito desse tema, Lizia de Figueirêdo, vice-diretora da Face, enfatizou que o debate sobre o novo PDI é oportunidade rara de discutir aspectos como as sequências de aulas longas.
Universidade pública e gratuita
Taís, estudante do curso de Artes Visuais, sugeriu que o Plano defenda com veemência a universidade pública e gratuita, preveja a criação de uma pró-reitoria para ações culturais e investimentos em prédios como o da Faculdade de Direito, que está “em condições precárias”, e na conclusão de construções como o novo prédio da Escola de Belas Artes, cujas obras foram interrompidas. “Acho também que os estudantes devem ser mais ouvidos sobre aspectos como infraestrutura física, desempenho de professores e escolha dos dirigentes da Universidade”, disse.
O professor Carlos Pinheiro, do Departamento de Física, questionou os integrantes da Comissão de Sistematização do PDI sobre a possibilidade de o PDI vincular diretrizes à liberação de recursos. “É angustiante que a previsão de realização de projetos não tenha lastro econômico, ou seja, a garantia da viabilização financeira”.
A propósito, o professor Hugo Cerqueira, ex-pró-reitor de Planejamento, lembrou que o Plano de Desenvolvimento Institucional 2013-2017 foi elaborado sobre a expectativa de recursos vultosos prometidos pelo governo às universidades de excelência. “Com a crise iniciada em 2014, os recursos minguaram, e a expectativa foi frustrada”, ele disse, para exemplificar que o PDI não tem como garantir recursos.
Também integrante da Comissão de Sistematização, Cerqueira ressaltou que o PDI define os rumos da UFMG, mas “não esgota os problemas”. Segundo ele, é preciso ter em mente que não há como ter controle sobre a disponibilidade financeira e que se trata de uma instituição que funciona de forma descentralizada. “E deve continuar assim. Boa parte dos projetos bem-sucedidos começa nos cursos, nos departamentos, nas unidades e são disseminados. O PDI deve criar condições para o trabalho, mas deve haver espaço para a experimentação e para a iniciativa dos membros da comunidade. É preciso contar com os acasos negativos, como cortes orçamentários, e positivos, como oportunidades inesperadas, que devem ser aproveitadas”, concluiu.
A audiência no auditório da Reitoria foi transmitida ao vivo. Assista ao vídeo:
A audiência para a comunidade do Instituto de Ciências Agrárias, em Montes Claros, será em 29 de agosto. Os textos preliminares do PDI estão disponíveis em site específico, e sugestões podem ser enviadas para o endereço pdi2018-2023@ufmg.br.
O documento final será entregue pela Comissão em 28 de setembro, e o novo PDI seguirá para aprovação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e do Conselho Universitário, em outubro deste ano.