Crise boliviana é tema de entrevista no programa Conexões
Evo Morales renunciou à presidência do país após manifestações populares e pressão do Exército
Nesse domingo, 10, o então presidente da Bolívia, Evo Morales, renunciou ao cargo. Dias antes, a Organização dos Estados Americanos (OEA) havia indicado a existência de indícios de fraude durante as últimas eleições e sugeriu uma nova votação, acatada pelo governo. Porém, o posicionamento do governante não foi suficiente para acalmar os acirrados ânimos no país.
No poder desde 2006, Evo Morales foi reeleito há menos de um mês, em eleições gerais que foram alvo de críticas dentro e fora da Bolívia. A polêmica foi causada durante a contagem de votos, que ocorria tranquilamente até ser paralisada com cerca de 80% dos votos apurados e com resultado parcial apontando para um segundo turno.
Após 24 horas de paralisação, a contagem foi retomada e finalizada com Evo Morales eleito em primeiro turno. O pleito foi contestado pela oposição, então liderada pelo outro candidato, Carlos Mesa, que não reconheceu a vitória de Morales e passou a incitar manifestações em todo o país. O clima político se radicalizou: houve episódios de barbárie, em que políticos foram vítimas de agressão e humilhação pública nas ruas do país.
Segundo Morales, a renúncia tem o objetivo de pacificar o país e acabar com a perseguição sofrida por ele e por seus aliados. O ex-presidente também alegou ser vítima de um golpe cívico, político e policial. Além da saída de Evo, foram anunciadas ainda a renúncia do vice, Álvaro García Linera, da presidente do senado, Adriana Salvatierra, e do presidente da Câmara dos Deputados, Víctor Borda. Todos eles pertenciam à linha sucessória presidencial e a renúncia coletiva deixou o país em um “vácuo de poder”.
Na noite dessa segunda-feira, 11, Evo Morales embarcou para o México, país que ofereceu asilo político ao ex-presidente. No Twitter, Evo fez uma declaração em seu perfil oficial, dizendo que “dói abandonar o país por razões políticas.”
A professora Renata Oliveira, do curso de relações internacionais da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), falou sobre a crise boliviana nesta terça-feira, 12, em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa.