Nesta sexta-feira, 10, é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio em um mês totalmente dedicado à conscientização da causa – o Setembro Amarelo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de 800 mil pessoas são vítimas de suicídio no mundo a cada ano, tornando o autoextermínio questão de saúde pública. O relatório Suicídio em todo o mundo em 2019, divulgado em junho deste ano pela entidade, aponta que essa é uma das principais causas de morte no planeta, sendo a quarta maior em jovens entre 15 e 29 anos. O alto número de vítimas foi o ponto de partida para o anúncio e produção de novas orientações da OMS, em busca de reduzir a taxa de suicídio em um terço ao redor do mundo até 2030. Entre as diretrizes, estão: limitar o acesso a mecanismos que podem ser usados na prática do suicídio, atuação responsável dos meios de comunicação ao tratarem do assunto e serviços de apoio socioemocional para adolescentes.

Para entender melhor a questão do suicídio, possíveis caminhos de combate e prevenção, o programa Conexões desta sexta apresentou uma entrevista com a psicóloga, psicanalista, mestra e doutora em Estudos Psicanalíticos pela UFMG Elisa Massa. A pesquisadora enfatizou a importância do Setembro Amarelo, mas sublinhou ser fundamental a insistência no assunto ao longo de todo o ano. A psicóloga também afirmou que é preciso ampliar a visão de saúde abrangendo também o aspecto mental, além do físico. Para ela, as condições de vida no mundo contemporâneo tendem a aumentar os problemas de saúde mental. Por outro lado, o tabu em cima desses problemas tem diminuído, apesar de ser ainda enorme, e essa combinação faz que o assunto ganhe mais destaque.

A entrevista também passou pelo mundo virtual que, segundo a psicanalista, tem um papel ambíguo. Ao mesmo tempo que oferece grande acesso à informação e possibilita a criação de laços, também é um ambiente de violência e atuação de agressores protegidos pelo anonimato. Elisa Massa também reforçou a importância de abordar temas de saúde mental na escola e o papel da escuta para ajudar quem precisa. “A presença e a escuta talvez sejam uma primeira via, e eu  ainda não estou falando de uma escuta profissional, e sim sobre alguém que tem um vínculo de afeto e que pode se aproximar e perguntar ‘Posso te ajudar de alguma forma?’, ‘Como você está?’. Esse é um primeiro passo para que em algum momento possa aparecer uma indicação de um profissional ou de um serviço de saúde onde a pessoa possa ser atendida”, ponderou.

Ouça a entrevista completa no SoundCloud

No site setembroamarelo.com, estão disponíveis materiais e documentos de utilidade pública, como a cartilha Suicídio - Informando para Prevenir, produzida pela Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com o Conselho Federal de Medicina. Caso você ou alguém ao seu redor apresente ideais suicidas, procure ajuda especializada como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da sua cidade ou o Centro de Valorização da Vida (CVV), que funciona 24 horas por dia pelo telefone 188. O serviço também atende por e-mail, chat e pessoalmente, com mais de 120 postos de acolhimento em todo o Brasil. Mais informações em cvv.org.br.

Produção: Enaile Almeida, sob orientação de Hugo Rafael e Alessandra Dantas
Publicação: Alessandra Dantas