Em solenidade realizada no noite desta segunda-feira (30), no auditório da Reitoria, foi celebrado o aniversário de 95 anos da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), completados no último dia 7. Na cerimônia, que reuniu dirigentes da UFMG e da Fump, foi lembrado o legado de Francisco Mendes Pimentel, primeiro reitor da Universidade, e exaltada a importância da Fundação para a inclusão e a democratização do ensino superior. Oito ex-presidentes da Fundação foram homenageados.

Ex-estudante assistido pela UFMG, o professor Rodrigo Ednilson, presidente da Comissão Permanente de Ações Afirmativas e Inclusão Social da Universidade, disse que, comumente, pessoas da comunidade universitária referem-se à Fump como uma “mãe”, numa referência "àquela que cuida, acolhe e aproxima”. Ele lembrou que o sucesso da sua própria trajetória acadêmica teve contribuição decisiva da UFMG, viabilizada pela Fundação, responsável pela execução de sua política de assistência. 

“Antes da Lei de Cotas, a possibilidade de que eu fizesse o curso superior era inimaginável. Ao escolher um curso matutino na UFMG, surgiu uma questão na minha família: como iria me manter? Foi então que recorri à Fump e comecei a fazer serviços mediante o programa de bolsa-trabalho. Além do suporte da assistência estudantil, fiz amigos durante os almoços no bandejão, tive a possibilidade de trabalhar à tarde e frequentar o CEU [Centro Esportivo Universitário] nos horários livres”, agradeceu o docente da Faculdade de Educação. 

Ondas concêntricas
A presidente da Fump, professora Teresa Cristina Kurimoto, afirmou que a Fundação, ao executar uma política pública que visa promover o acesso ao direito à educação, se alinha com os propósitos de diversidade e inclusão da Universidade. “Cada estudante oriundo das camadas sociais historicamente sub-representadas no ensino superior figura como um objeto que, ao cair na água, gera ondas concêntricas”, metaforizou a dirigente. “Quando um estudante entra e permanece, sua família e sua comunidade ganham a oportunidade de vislumbrar o ensino como uma oportunidade real. Para a UFMG, isso implica uma chance valiosa de aprender e ensinar, além de se engrandecer com a diversidade de experiências, narrativas, corpos e saberes.”

Em seu pronunciamento, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida trouxe à tona o legado do professor Francisco Mendes Pimentel, que foi diretor da Faculdade de Direito e primeiro reitor da UFMG. “Mendes Pimentel foi um incansável defensor da universidade pública e da autonomia universitária, além de grande apoiador das políticas de inclusão e assistência estudantil. Sempre esteve atento à importância da assistência para que a universidade cumprisse o seu papel democrático e emancipatório”, disse.

A dirigente acrescentou que, em 1912, como diretor da Faculdade de Direito [antes da criação da própria UFMG], Mendes Pimentel inaugurou a Fundação Affonso Pena, cujo objetivo era prestar apoio material aos estudantes em condição de pobreza, “numa época em que o ensino superior ainda não era gratuito e que a noção de assistência estudantil era bem diferente”.

A ideia de “merecimento para acessar benefícios”, como lembrou a pró-reitora de Assuntos Estudantis, professora Licínia Maria Corrêa, ainda tem forte presença no cotidiano da Universidade. Nesse contexto, “sair desse lugar” é missão assumida pela Prae e pela Fump. “Nosso horizonte é consolidar a assistência estudantil como uma política pública de direito e, por isso, com uma dimensão social e política. Estudantes de escolas públicas, negros, quilombolas, indígenas, LGBT+, estudantes pais e mães, PCDs [pessoas com deficiência] hoje compõem o cenário acadêmico. Nosso papel é contribuir para qualificar o ciclo da vida acadêmica desses sujeitos: entrar, acessar, permanecer e concluir com qualidade”, definiu.

‘Permanecer’
A Fump lançou a campanha Permanecer, que visa à arrecadação de contribuições voluntárias. A Fundação busca apoio de pessoas físicas e jurídicas que, cientes da responsabilidade social com a formação acadêmica de qualidade, da importância da educação como meio de transformação social e do direito ao acesso a uma educação de qualidade, queiram contribuir para a permanência dos estudantes na UFMG. O caminho para doação está traçado em uma página do Portal da Fump.

A Fundação executa a política de assistência estudantil da UFMG, que é elaborada em conjunto com a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae). O objetivo central da política é garantir a permanência qualificada dos estudantes para que eles concluam seus cursos. A Fump gerencia os programas de alimentação, moradia, transporte, assistência à saúde, auxílio financeiro e outros instrumentos de apoio.

Em 2023, a Fundação despendeu cerca de R$ 52 milhões – R$ 41 milhões oriundos do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) e o restante formado por recursos próprios da UFMG e apoios voluntários. Os números exatos serão divulgados após a aprovação do relatório de gestão por parte do Conselho Universitário. 

Dados divulgados pelo Portal da Transparência do governo federal mostram que a UFMG é, das universidades federais, a que mais investe em assistência estudantil. Cerca de 90% dos recursos são geridos pela Fump, e 10% são aplicados em ações da Prae e outras pontuais. A previsão para 2024 e 2025 é de despesas da ordem de R$ 54 milhões.

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