Caro Reitor Jaime Arturo Ramírez,

Sou irmão de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, ex-reitor da UFSC.

Após termos passado pela mais odiosa e truculenta passagem na história das universidades públicas brasileiras, com a prisão arbitrária de meu irmão e o consequente gesto que abreviou a sua vida, somos novamente surpreendidos nesta manhã com o arbítrio e o estado de exceção mostrando mais uma vez sua face cruel.

A condução coercitiva do senhor e de outros professores da nossa querida UFMG mostra que Brecht continua mais vivo do que nunca: a porca do fascismo sempre está no cio. Ignoram os procedimentos de fiscalização internos da universidade, prerrogativa da autonomia que constitucionalmente a universidade pública possui; mas ignoram solenemente as exigências legais para ser aplicada a coerção.

Nossa família tem sofrido muito desde a prisão e morte de meu irmão, mas estamos cada vez mais convictos de que o gesto dele não terá sido em vão. Observo que no caso ocorrido hoje na UFMG a imprensa tem sido mais comedida em julgar e condenar, ao contrário do que fizeram no caso da UFSC. Mas noto também uma imensa corrente de solidariedade ao senhor e seus colegas, solidariedade que demorou demais para acontecer quando meu irmão foi preso e “condenado”. Solidariedade esta que eu e minha família lhe emprestamos e a todos os que hoje foram submetidos à humilhação da condução coercitiva.

Muitos atos estão sendo programados Brasil afora em repúdio ao que aconteceu aí hoje. Estou à disposição para me juntar nessa luta sem trégua para denunciar o estado de exceção em que vivemos e combater e derrotar todos aqueles que desprezam a lei e a justiça.

Acioli Cancellier de Olivo