Institucional

Escola da Ciência da Informação celebra hoje aniversário de 75 anos

Cerimônia homenageará três docentes com o título de professor emérito e uma servidora técnico-administrativa com honra ao mérito

Pátio interno do prédio da ECI, no campus Pampulha
Pátio interno do prédio da ECI, no campus Pampulha Foto: Jebs Lima / UFMG

A história da Escola de Ciência da Informação (ECI) da UFMG vai ser celebrada nesta quarta-feira, 12, a partir das 18h, no auditório da Reitoria, no campus Pampulha. Como parte das comemorações dos 75 anos da Escola, haverá a concessão do título de professor emérito aos professores Anna Soledade Vieira, Marília Júnia de Almeida Gardini e Paulo da Terra Caldeira, além da concessão de honra ao mérito à servidora técnico-administrativa Cláudia Márcia de Lucas. A cerimônia será presidida pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida.

Quem passa pela avenida principal do campus Pampulha pode observar, entre a Faculdade de Letras e a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), o prédio da Escola de Ciência da Informação (ECI), sede dos cursos de graduação em Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia, além de dois programas de pós- graduação strictu senso e de um programa lato sensu. O que pouca gente sabe é que a história deste prédio começou há muito tempo, em março de 1950, antes mesmo de ele se vincular à UFMG, quando a Secretaria de Educação de Minas Gerais e o Instituto Nacional do Livro (INL) criaram o curso de Biblioteconomia de Belo Horizonte, que, à época, ocupava uma sala no Instituto de Educação. 

Depois de ocupar o Instituto de Educação, o então curso de Biblioteconomia instalou-se na Associação Médica de Minas Gerais, no Edifício Acaiaca, e até no porão do Colégio de Aplicação da antiga Faculdade de Filosofia, que ficava na rua Carangola. Em 1963, o curso foi incorporado à UFMG, ocupando, então, o sexto andar do prédio da Reitoria, sob o nome de Curso de Biblioteconomia de Minas Gerais. 

Diretor da ECI destaca a evolução da Escola
Eduardo Valadares, diretor da ECI, destaca a evolução da Escola Foto: Arquivo pessoal

Em 1966 o curso foi elevado à categoria de Unidade, chamando-se Escola de Biblioteconomia. Ainda no campus, ele se alojou no antigo Colégio Universitário, juntamente com a Faculdade de Educação, e no Prédio da Prefeitura da Universidade, hoje Unidade Administrativa II. Somente em 1990 sua sede própria foi inaugurada na avenida principal do campus Pampulha e, em 30 de março de 2000, a Escola passou a ser chamada pelo seu nome atual: Escola de Ciência da Informação.

O atual diretor da ECI, Eduardo Valadares, conta que as transformações da Escola vão além de mudanças físicas ou de localização, pois ela sempre acompanhou a evolução da sociedade. “Com essa evolução, passamos a entender que trabalhar as questões da informação, da memória e da documentação é algo cada vez mais necessário, considerando o quanto esses artefatos são importantes para a sociedade se constituir, especialmente neste tempo em que a informação pode ser usada de maneira distorcida para manipular e trazer uma série de danos", explica.

Valadares destaca que as mudanças tecnológicas também apontam para a responsabilidade social da Escola. Para ele, apesar de algumas pessoas considerarem que profissões como bibliotecário e arquivista podem estar com os dias contados, tais perfis profissionais são cada vez mais importantes e precisam ser reinventados, pois são profissões que evoluem junto com a sociedade. "A questão da memória é cada vez mais destacada, seja a memória material, a imaterial e a dos elementos que constituem a nossa história. Além de preservar a memória e a informação, a Escola atua no letramento para que as pessoas consigam acessar, filtrar e usar as informações da melhor maneira possível", diz.

Na ocasião do aniversário de 70 anos da ECI, foi montada uma exposição virtual, onde podem ser vistas imagens da história da Escola.

Fachada do prédio da Escola de Ciência da Informação (ECI), campus Pampulha
Fachada do prédio da Escola de Ciência da Informação (ECI), campus Pampulha Foto: Lucas Braga | UFMG

Homenageados que marcaram a história da ECI
Em 75 anos de história, muitos professores acompanharam e participaram da evolução da Escola de Ciência da Informação da UFMG. Para homenageá-los, serão concedidos, na cerimônia de hoje, três títulos de professor emérito e uma honra ao mérito. A titulação de professor emérito é concedida por indicação das congregações das unidades a docentes aposentados cujas atividades acadêmicas são consideradas de excepcional relevância para a Universidade. No caso da medalha de honra ao mérito, ela será concedida a uma servidora que contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento da ECI.

Professora Anna Soledade
Professora Anna Soledade foi responsável pela criação do curso de GRI, nos anos 1980Foto: Arquivo pessoal

Anna Soledade Vieira: pioneirismo na pós-graduação 
Anna Soledade ingressou na UFMG em 1967 como bibliotecária e se tornou professora da Universidade em 1970. Anna conta que, naquela época, os professores faziam um pouco de tudo. “A gente dava aula, fazia pesquisa, cuidava de trâmites administrativos. Havia pouca infraestrutura e poucos servidores, então nós tínhamos que atuar em funções que hoje não são mais realizadas pelos professores”, explica.

Uma das contribuições significativas da professora foi o projeto de criação do curso de Gerência de Recursos Informacionais (GRI). O processo de desenvolvimento e implantação do curso passou por discussões fundamentais a respeito da tendência pós-moderna, nos anos 1980, de que a Biblioteconomia e a Ciência da Informação deveriam absorver componentes tecnológicos e sociais. 

Através de discussões sobre formas alternativas de exercício profissional, Anna despertou na comunidade da então Escola de Biblioteconomia a necessidade da formação de profissionais mais flexíveis e com capacidade de atuar para além dos espaços da biblioteca, alcançando o âmbito das organizações. “Quando eu atuei como bibliotecária, esse profissional cuidava apenas da biblioteca e da organização de livros. Hoje, a informação e o conhecimento são objetos de trabalho de quem se forma na área. O mercado de trabalho é mais abrangente e há mais profundidade, exigindo profissionais com visões mais amplas”, explica. 

Anna Soledade também se envolveu ativamente com a pós-graduação em meados dos anos 1970 quando, juntamente com a professora Etelvina Lima, participou da comissão de criação do curso de Pós-Graduação em Administração de Bibliotecas, na antiga Escola de Biblioteconomia da UFMG. Também deve ser destacada a sua contribuição junto a outras universidades do país e ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), onde participou da criação de cursos e do desenvolvimento de políticas de informação para o país.

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Gardini: papel importante a frente da Biblioteca Central 
Foto: Divulgação ECI / UFMG

Marília Júnia de Almeida Gardini: amor à pesquisa
A história da professora Marília Júnia com a UFMG começou quando ela tinha 18 anos e ingressou no curso de graduação em Biblioteconomia na Universidade. Após se graduar, ela foi aprovada no concurso público da UFMG para trabalhar como bibliotecária, onde exerceu a profissão por dois anos. Somente depois de atuar como técnica-administrativa, ela fez o concurso para professora, cargo pelo qual se aposentou em 1991.

Na UFMG, Marilia exerceu diversas funções ao longo de sua carreira, atuando como analista e cientista da informação, diretora de unidade acadêmica, administradora, consultora, assessora e gestora. Durante sua administração, foi construída a sede da então Escola de Biblioteconomia, planejada para atender às necessidades acadêmicas. 

A professora também foi responsável pelo projeto, equipagem e implementação de dois laboratórios voltados para o ensino e para a pesquisa, além da ampliação e aprimoramento dos serviços de extensão. No período em que esteve à frente da Biblioteca Central da UFMG, entre 1976 e 1982, Marília desempenhou papel central na construção do prédio da Biblioteca Universitária, além de ter coordenado a implementação da gerência do sistema de bibliotecas da Universidade.

“Eu adorava dar aulas e exercer a parte administrativa, mas o que me movia era a pesquisa. Sempre acreditei que a pesquisa é importante para que possamos evoluir e melhorar os processos. A área da informação é muito ampla, então sou feliz por ter contribuído para o que hoje é a ECI. A UFMG fez parte da minha vida desde os meus 18 anos, então é uma honra imensa me tornar professora emérita", desabafa.

Professor Paulo Terra
Professor Paulo Terra Foto: reprodução TV UFMG

Paulo da Terra Caldeira: contribuições em várias frentes
O professor Paulo da Terra teve um papel fundamental na ECI onde, além de lecionar e pesquisar, assumiu cargos administrativos, representações e comissões diversas. Além de ministrar disciplinas na antiga Escola de Biblioteconomia e na pós-graduação em Biblioteconomia, ele também ministrou aulas na Escola de Enfermagem, na Escola de Engenharia, na Escola de Veterinária e na Faculdade de Medicina, o que mostra uma contribuição não somente para a ECI, mas para toda a UFMG.

Ele teve participação importante no planejamento do curso de pós-graduação – Administração de Bibliotecas, hoje conhecido como Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. Além disso, foi fundamental no planejamento dos cursos de graduação e no mestrado em Biblioteconomia. Como orientador, orientou trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e monitorias, além de ter atuado em bancas examinadoras. Sua participação em comissões e representações também foi significativa, envolvendo-se em diversas atividades, tanto dentro da UFMG quanto em órgãos externos, como o Conselho Federal de Educação, o Conselho Regional de Biblioteconomia e a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Como vice-diretor da ECI, Paulo da Terra esteve à frente da elaboração de projetos pedagógicos para os cursos de Museologia e de Arquivologia. Foi diretor da Biblioteca Universitária (BU), onde desenvolveu projetos como o Serviço para o Sistema de Acesso a Bases de Dados (PADCT) da Universidade, o Acervo de Escritores Mineiros, e o Acervo Francisco Curt Lange: diretrizes para organização,  identificação, organização e divulgação do acervo de obras raras e preciosas da Biblioteca Central da UFMG.

No campo da pesquisa, Paulo da Terra Caldeira dedicou seus estudos às investigações em bibliotecas escolares, normalização bibliográfica e busca de informação e uso da internet na pesquisa escolar, totalizando 31 pesquisas realizadas ao longo de sua carreira. Sua produção acadêmica também é notável, com a publicação de 10 livros, 33 artigos em periódicos e 27 trabalhos apresentados em eventos científicos, sendo reconhecido como um dos autores mais produtivos de sua área.


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Cláudia: atuação na ECI desde 1993Foto: Jebs Lima / UFMG

Cláudia Márcia de Lucas: saudade antecipada
Cláudia Márcia de Lucas reconhece que a preservação e o gerenciamento da informação são fundamentais para a transmissão do conhecimento e que, além dos professores, a universidade se faz por meio dos técnicos que atuam no dia a dia da instituição. Cláudia ingressou como servidora técnico-administrativa da UFMG em 1993 e hoje atua na ECI como chefe de serviços gerais. Ela conta que seu trabalho envolve todas as ações que são essenciais para que a Escola funcione. “Faço acompanhamento do prédio, cuido da sua manutenção e gerencio tudo para que as atividades de ensino, pesquisa e extensão possam ocorrer", explica.

Nos 32 anos de Universidade, ela conta que viu muitas mudanças estruturais e de comportamento das pessoas que frequentam a ECI. Para ela, ser escolhida para receber a homenagem é a prova de que todo o esforço empreendido em sua trajetória profissional valeu a pena. 

“Para mim foi uma surpresa essa homenagem, pois temos muitos bons servidores e houve uma votação da congregação para que eu fosse a escolhida. Fiquei muito feliz porque a UFMG me acolheu e proporcionou-se me muitas oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. Já como servidora, fiz o curso de graduação em Serviço Social e a pós-graduação de Gestão de Instituições Federais de Educação Superior", conta.

Cláudia de Lucas acrescenta que está prestes a se aposentar e que sentirá falta de viver o dia a dia da Escola de Ciência da Informação. “Vi muitas mudanças aqui, a sociedade se transformou ao longo desses anos. As novas gerações, mais ligadas às tecnologias, mudaram a maneira de se relacionarem, e eu tive que me adaptar a isso tudo. Quando me aposentar, sentirei saudades de viver toda a transformação e produção de conhecimento que estar numa universidade proporcionam", conclui.

Luana Macieira