Estudo avalia impacto do 'tempo de tela' na saúde mental de crianças e adolescentes
Em nova etapa, pesquisa da Medicina continuará avaliando a percepção dos jovens em relação à ausência de aulas presenciais e de outras formas de socialização
Pais de crianças e jovens de seis a 17 anos são convidados pela Faculdade de Medicina para responder a questionário sobre o impacto das mudanças de rotina, durante a pandemia de covid-19, na saúde mental das crianças e adolescentes.
“Nos meses de maio e junho, perguntamos como esses jovens usavam as mídias sociais e os jogos, qual era o tipo de relação com essas mídias e quais sintomas de distúrbios psicológicos eles apresentavam. Participaram cerca de mil famílias”, conta a professora Débora Miranda, do Departamento de Pediatria, sobre a primeira fase da pesquisa.
Segundo Débora Miranda, as mesmas perguntas estão sendo aplicadas nesta segunda etapa do estudo, e haverá outras duas ondas em períodos posteriores. "O objetivo é caracterizar a evolução da percepção desse público sobre o regime de estudo sem aulas presenciais, com os pais em home office, e sem outras atividades de socialização”, completa a docente, que coordena a pesquisa junto com o professor Leandro Malloy Diniz, do Departamento de Saúde Mental.
De acordo com a professora, o estudo busca revelar como as crianças e adolescentes estão preenchendo suas rotinas. "Sabe-se que muitos jovens estão enfrentando dificuldades para dar continuidade aos estudos. É preciso entender os impactos dos novos hábitos, antever os problemas e propor ações", argumenta.
Fenômeno sem precedentes
Débora Miranda alerta para o fato de que o aumento do "tempo de tela", decorrente das medidas de distanciamento social, é fenômeno sem precedentes. "Portanto, não conhecemos seus efeitos. Espera-se um crescimento do número de casos de miopia e de depressão, por exemplo”, conjectura.
Os resultados do estudo, segundo a docente, servirão de base para o desenvolvimento de ações específicas de prevenção dos efeitos negativos em médio e longo prazos. A pesquisa reúne esforços de pesquisadores da Faculdade de Medicina e das associações Psiquiátrica da América Latina, Brasileira de Psiquiatria e Brasileira do Déficit de Atenção.