Estudo da Medicina compara perfis da dengue em Minas e na Colômbia
Nos dois territórios, casos mais graves ocorrem em ambientes urbanos
Em Minas Gerais, 88,6% dos casos graves de dengue ocorreram no meio urbano, de acordo com perfil epidemiológico traçado em pesquisa da Faculdade de Medicina. O maior número de casos foi registrado entre as mulheres. Os dados, colhidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), de 2010 a 2016, foram comparados com a incidência na Colômbia para identificar padrões da doença nos territórios. No vizinho sul-americano, a probabilidade de morte pela doença foi 1,2 vezes maior, e os homens é que integram o grupo com maior índice de mortalidade.
O estudo foi apresentado como tese de doutorado pela médica colombiana Farley Liliana Romero Vega no Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde de Infectologia Tropical. De acordo com a pesquisadora, que trabalhou na Colômbia com doenças de transmissão vetorial, a comparação possibilita desenvolver estratégias mais efetivas para controlar a dengue e a chikungunya e gerar projeções com base no comportamento das enfermidades.
Minas e Colômbia têm em comum o período de epidemia da doença, que ocorre a cada três anos, com picos nos três primeiros meses. Além disso, em ambos os locais, os casos mais graves ocorrem, sobretudo, no meio urbano. De acordo com a pesquisadora Liliana Vega, os surtos estão associados ao fato de o vírus se manter na natureza mesmo nos intervalos entre as epidemias, com possibilidade de circulação conjunta dos quatro sorotipos da doença. Outros fatores presentes nos dois territórios são a existência contínua do vetor transmissor, que se adapta rapidamente às áreas urbanas, as coinfecções de difícil diagnóstico e a baixa imunidade da população.
O estudo foi abordado em matéria publicada na edição 2.060 do Boletim UFMG, que circula nesta semana.