Euro se equipara ao dólar pela primeira vez em 20 anos
Professora da UFMG analisa as consequências da desvalorização da moeda européia para a economia mundial
Pela primeira vez, desde 2002, o euro se equiparou ao dólar. A moeda comum da União Europeia acumula uma desvalorização de 15% no último ano. A paridade foi alcançada na terça-feira, 12, e, na quarta, 13, o euro chegou a valer menos que a moeda estadunidense. A guerra iniciada pela Rússia na Ucrânia e as incertezas no fornecimento de energia para o continente geram temores de uma recessão europeia nos mercados. Além disso, o Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, tem subido as taxas de juros rapidamente no país, o que atrai capital para a maior economia do mundo. Com os preços da gasolina e dos alimentos se mantendo altos nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor no país acelerou em junho, resultando na maior taxa anual em 40 anos, o que aumenta a expectativa de que o Banco Central aumente os juros em 0,75% no final deste mês. Por sua vez, o poder de compra do europeu acaba ficando prejudicado com a moeda do continente desvalorizada. As empresas que exportam da zona do euro se beneficiam dessa situação, porém importar para a Europa fica mais difícil.
O programa Conexões conversou sobre a relação entre o euro e o dólar, as consequências da paridade para a economia internacional, o Brasil e a América Latina com a professora Patrícia Nasser de Carvalho, Doutora em Economia Política Internacional e Professora do Departamento de Ciências Econômicas da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG (FACE).
Segundo a professora, ainda que a desvalorização do euro não tenha impacto direto no Brasil, o conflito e o risco de recessão na Europa atinge indiretamente as economias da América Latina: "é a quebra de fornecimento de insumos para a agricultura, nós tivemos que buscar alternativas para o fornecimento de fertilizantes. Nós também estamos convivendo com um inflação elevada, cerca de 12% em 12 meses. Nosso mercado de trabalho não tem estrutura, porque faltam investimentos. Não tem solução fácil, as respostas de política monetária não tem reação rápida."
Ouça a conversa com a jornalista Luíza Glória: