Recursos do Fundo Fundep vão apoiar projetos nos hospitais universitários e de educação digital
Chamadas lançadas pela UFMG estabelecem critérios para a destinação de R$ 2 milhões
A UFMG lançou, nesta quinta-feira, dia 31, duas chamadas internas para contemplar projetos que conectem ensino, pesquisa e extensão desenvolvidos no Hospital das Clínicas, no Hospital Risoleta Tolentino Neves e na área de educação digital, sob a coordenação de docentes em efetivo exercício. As inscrições serão recebidas de 18 de novembro até 20 de janeiro de 2025.
Ao todo, R$ 2.094.005,99 provenientes do Fundo Fundep poderão ser utilizados na compra de materiais permanente e de consumo, softwares e pagamento de serviços de terceiros. A intenção é valorizar ações que promovam a interface entre as três dimensões acadêmicas: ensino, pesquisa e extensão. O julgamento das propostas será feito por comissão avaliadora composta de representantes das quatro câmaras do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Cepe). Professores que já tenham sido beneficiados em edições anteriores poderão concorrer novamente nessas duas chamadas.
O Fundo Fundep fomenta projetos em áreas acadêmicas estratégicas para a Universidade. As chamadas foram elaboradas em conjunto pelas pró-reitorias acadêmicas (Graduação, Pós-graduação, Pesquisa e Extensão) e aprovadas pelo Cepe. Seus objetivos e metas foram estabelecidos em conformidade com as diretrizes indicadas no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFMG para o período de 2024 a 2029.
Prioridade máxima
Para a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, as duas chamadas são fruto do trabalho coeso das pró-reitorias em colaboração com a Fundep. “Temos convivido com dificuldades orçamentárias nos últimos anos, mas a Universidade nunca se afastou de sua grande prioridade, que é a de prover condições para o desenvolvimento de projetos acadêmicos estratégicos. O Fundo Fundep, interrompido em 2009 e retomado há dois anos, é um claro exemplo desse esforço, que, como comprovado em edições anteriores, tem forte impacto nas ações de ensino, pesquisa e extensão”, avalia a dirigente.
O Fundo Fundep foi criado em 1986 para apoiar exclusivamente projetos de pesquisa, mas no ano seguinte passou a contemplar todas as áreas acadêmicas da Universidade. O valor aportado corresponde a 30% do superávit contábil da Fundação de Apoio da UFMG e cabe à Universidade definir como ele será aplicado.
Em 2022, a iniciativa voltou a destinar recursos para projetos institucionais da UFMG. Os cerca de R$ 980 mil disponibilizados à época foram aplicados em 60 projetos desenvolvidos por professores recém-contratados pela Universidade, que estão em fase de conclusão.
De acordo com presidente da Fundep, professor Jaime Arturo Ramírez, as chamadas desta edição têm total aderência ao propósito da Fundação, que é o de viabilizar ações que integrem ensino, pesquisa e extensão e de desenvolvimento institucional. “Estamos felizes em retornar recursos para a Universidade de modo a fortalecer a nossa missão”, diz Ramírez.
Pesquisa e formação nos hospitais
Conforme a chamada 01/2024, destinada aos hospitais universitários, o objetivo é estimular a atuação e a dedicação dos docentes a esses ambientes e valorizar sua atuação na preceptoria das residências em saúde, com propostas de pesquisa que conectem atividades de ensino de graduação e pós-graduação ou de extensão ou ações relacionadas à formação interprofissional em saúde. Esse objetivo é coerente com a estratégia prevista para a área de saúde indicada no PDI 2024-2029.
Cada docente poderá submeter apenas uma proposta – de até R$ 50 mil – que obrigatoriamente deverá reunir a participação de estudantes nas atividades. O docente coordenador precisa estar cadastrado no Sistema de Fomento. O prazo de execução dos projetos é de 24 meses.
“A expectativa é que essa chamada motive docentes de todas as áreas da Universidade, não apenas da saúde, a implementar, nos hospitais universitários, mais projetos de pesquisa originais situados na fronteira do conhecimento. Eles existem para cumprir missões acadêmicas e não podem ficar restritos à função assistencial. A pesquisa nos hospitais é motor dos avanços que promovem melhorias concretas na saúde da população”, afirma o pró-reitor de Pesquisa, Fernando Reis, docente da Faculdade de Medicina.
Segundo a pró-reitora de Pós-graduação, Isabela Almeida Pordeus, a pesquisa na UFMG está fortemente vinculada à pós-graduação e também é caracterizada por uma trajetória de ações de aproximação com a extensão. “Esse aporte de recursos do Fundo Fundep para os hospitais vai fortalecer a formação de recursos humanos, a geração de conhecimento e a extensão, na perspectiva do ODS [Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 3] sobre cuidados em saúde e saúde da mulher, além de ir ao encontro da Resolução do Cepe/2024, que vincula as residências na área de saúde à pós-graduação”, afirma a professora.
Ainda segundo a pró-reitora, a pós-graduação também será impactada pelos projetos de educação digital que serão apresentados no âmbito da outra chamada. “Esperamos que sejam gerados conhecimentos para aprimorar o uso das tecnologias da informação e comunicação nas unidades acadêmicas e para fortalecer o conceito e o uso adequado da Inteligência Artificial”, projeta Isabela Pordeus.
Educação digital para transcender espaços e integrar
A chamada 2/2024 prevê a liberação de até R$ 200 mil para propostas que promovam melhorias na infraestrutura física e de suporte às tecnologias digitais para realização de atividades acadêmicas – com ênfase em educação digital – nas unidades acadêmicas e nas escolas que integram a Unidade Especial de Educação Básica e Profissional da UFMG (Ebap), constituída pelo Centro Pedagógico, Colégio Técnico e Teatro Universitário.
“Desde a pandemia da covid-19, quando escolas e universidades tiveram que utilizar tecnologias da informação e comunicação para viabilizar o ensino remoto emergencial, o uso dessas ferramentas tornou-se ponto central de pauta das políticas de inovação do processo de ensino e aprendizagem”, analisa o pró-reitor de Graduação, Bruno Otávio Soares Teixeira.
Conforme a chamada, “serão valorizadas iniciativas construídas em sintonia com os eixos estruturantes da Política Nacional de Educação Digital (Pned), instituída por meio da Lei nº 14.533, de 11 de janeiro de 2023, que busquem ampliar a infraestrutura digital para fins educacionais e estimular a inclusão digital, a capacitação profissional para novas competências e a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em Tecnologias da Informação e Comunicação, assim como aquelas que contribuam para a implementação de boas práticas para o uso das ferramentas de inteligência artificial nas atividades acadêmicas e também as propostas que possam abrigar atividades de extensão e internacionalização”.
Novamente, a integração será fator de peso na escolha das propostas, seja por meio do envolvimento de mais de um curso ou da articulação de colaborações ou parcerias estabelecidas entre unidades acadêmicas. “Essa é uma tentativa de se experimentar modelos de laboratórios e salas de aula que migrem do padrão tradicional do quadro e projetor para um modelo que se valha de ferramentas digitais para explorar outras dimensões do processo de ensino e aprendizagem. É também um esforço para transcender o conceito de espaço físico da sala de aula, favorecendo uma oferta compartilhada de atividades e recursos”, observa Bruno Teixeira.
Por meio desta chamada, a UFMG também espera que sejam apresentadas boas práticas de inteligência artificial nas atividades acadêmicas, com adequação de infraestrutura dos espaços, tema que tem sido discutido como ação estratégica pela Universidade.
As propostas para educação digital poderão ser submetidas pela Congregação da unidade acadêmica e pelo Conselho Diretor da Ebap. Cada unidade acadêmica ou da Ebap poderá inscrever apenas uma proposta, mas não estará impedida de aderir a projetos apresentados por outras unidades como colaboradora ou parceira.
Indissociabilidade que enriquece
O pró-reitor de Extensão, Glaucinei Rodrigues Corrêa, vislumbra benefícios do Fundo Fundep para área no momento em que está sendo implantada a formação em extensão nos cursos de graduação da UFMG. “O apoio a novos projetos pode ampliar o alcance da extensão, além de promover a inovação e colaboração entre diferentes áreas do conhecimento”.
“A integração da pesquisa com o ensino e a extensão enriquece a experiência acadêmica e cria oportunidades para que os estudantes se conectem com a realidade social. Esperamos que mais docentes se sintam inspirados e motivados a desenvolver projetos que unam essas três dimensões, fortalecendo ainda mais o papel da UFMG na sociedade”, projeta Glaucinei Corrêa.