Começou nesta semana a temporada da peça-filme Desfazenda - Me enterrem fora desse lugar, do grupo O Bonde, com direção de Roberta Estrela D’Alva e dramaturgia de Lucas Moura. A trama acompanha as personagens 12, 13, 23 e 40, quatro pessoas pretas salvas da guerra quando crianças por um padre branco. Desde então, vivem na fazenda desse padre, cuidando das tarefas diárias. O padre nunca sai da capela, a guerra nunca atingiu a fazenda e quando os porquês são questionados, o sino toca e lembra que é hora da oração ou do trabalho. Até que um estranho vulto chega à fazenda, e o segredo da capela é revelado. 

Desfazenda é inspirada em uma história real, descrita no documentário Menino 23 - Infâncias perdidas no Brasil, que parte da descoberta de tijolos marcados com suásticas nazistas em uma fazenda no interior de São Paulo. Cinquenta meninos negros foram levados de um orfanato no Rio de Janeiro para o local, onde foram submetidos a trabalhos forçados, isolamento social e castigos físicos, infligidos por três irmãos que faziam parte da Ação Integralista Brasileira.

O programa Expresso 104,5 recebeu Lucas Moura, dramaturgo do espetáculo, para falar sobre a peça-filme e os temas nela abordados. Durante a entrevista, ele explicou o formato que une teatro e cinema e a relação entre a peça e o caso real.