Saúde

Início da vacinação traz "grande alívio", afirma Unaí Tupinambás

Infectologista e professor da Faculdade de Medicina esclareceu dúvidas sobre as vacinas contra a covid-19, no programa Conexões

Brasil deu início à vacinação contra a covid-19 com a CoronaVac
Brasil iniciou vacinação contra a covid-19 na semana passadaFoto: Lisa Ferdinando / Fotos publicas / CC BY-NC 2.0

Na semana passada, teve início no Brasil a vacinação contra a covid-19. Em Belo Horizonte, a prefeitura deu início à primeira fase do plano de vacinação, que prioriza os profissionais da saúde. A imunização foi possível após aprovação, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dos pedidos de uso emergencial no Brasil das vacinas CoronaVac (produzida pelo Instituto Butantan e pela chinesa Sinovac) e Astrazeneca (desenvolvida pela Universidade de Oxford, em parceria com a Fiocruz). As primeiras doses da CoronaVac destinadas a Minas Gerais e Belo Horizonte foram recebidas e aplicadas na semana passada. Nesta semana, Minas Gerais recebeu as primeiras doses da vacina produzida pela Astrazeneca. 

Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta quarta-feira, 27, o infectologista Unaí Tupinambás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade e membro dos comitês de enfrentamento do coronavírus da UFMG e da Prefeitura de Belo Horizonte, classificou a chegada da vacina como “um grande alívio”. “Apesar de terem chegado em número insuficiente, já estamos começando a proteger trabalhadores e trabalhadoras da saúde que estão na linha de frente [de combate à covid-19]. Nesta semana, já começa a segunda fase da vacinação, e estamos na expectativa de conseguir expandir o alcance para todos, especialmente para aquelas pessoas que estão em maior situação de vulnerabilidade para a covid-19”, afirmou.

A eficácia global (ou seja, o potencial de cada imunizante em reduzir o risco de alguém desenvolver a covid-19) foi confirmada, pelo corpo técnico da Anvisa em 70,42% para a Astrazeneca e 50,39% para a CoronaVac. Houve muitas críticas à vacina produzida pelo Butantan após o anúncio, mas, segundo o professor, a CoronaVac é uma vacina segura, com poucos efeitos colaterais e reações alérgicas e índice de imunização satisfatório.

"Vamos comparar a CoronaVac com um paraquedas. A chance de você chegar vivo lá embaixo é 100%. Ninguém morre com aquele paraquedas. Alguns vão aterrissar num colchão de espumas, outros vão ralar o joelho. É isso que vai acontecer. A CoronaVac reduz a mortalidade e transforma a covid de uma doença grave numa doença mais branda quando você tem contato com o vírus”, explicou.

Além de reduzir a mortalidade, Unaí Tupinambás acredita que a CoronaVac também ajudará a desafogar os serviços de saúde. Ainda assim, lembrou, os efeitos não são imediatos. Após a imunização, seguem sendo necessários os cuidados que têm sido indicados durante a pandemia, como o uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento social. Isso porque a vacina protege contra formas graves da doença, mas não impede o contágio e a transmissão do vírus.

“Na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá, estão enfrentando uma pandemia muito dura, como a nossa, mesmo com a vacinação já avançada, de um grande quantitativo da população. O cenário só deve ficar mais tranquilo nesses países em abril, quando chega a primavera [no hemisfério Norte]”, avaliou.

Aumento da intenção de se vacinar
Segundo pesquisa Datafolha, realizada na semana passada, após aprovação do uso emergencial das duas vacinas pela Anvisa, a intenção de se vacinar no país cresceu seis pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, feita em dezembro. Agora, 79% dizem querer se imunizar, contra 73% registrados no mês passado. Entre as pessoas com mais de 60 anos, 88% dizem querer receber a vacina. 

Para Unaí Tupinambás, a tendência é esse número aumentar, com a informação. O professor acredita que o “grupo duro”, formado pelos negacionistas, é minoria e não irá mesmo se vacinar. “A gente já tinha percebido que isso ia acontecer. A despeito da campanha do governo federal de boicote à vacina e das fake news, a gente sabia que uma grande maioria das pessoas que estavam inseguras não tinham a informação correta [para decidir]”, avaliou.

Ouça a conversa com Hugo Rafael

Outras informações, como o plano de vacinação de Belo Horizonte, podem ser consultadas no site da Prefeitura.

Produção de Flora Quaresma e Laura Portugal, sob orientação de Hugo Rafael