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Marcos Pimenta, da Física, vence prêmio nacional de ciência e tecnologia

Professor foi reconhecido pela CBMM por seu trabalho com tecnologias de semicondutores e nanotecnologia

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Marcos Pimenta: tecnologias de semicondutores e nanotecnologia
Foto: Foca Lisboa | UFMG

O professor Marcos Assunção Pimenta, do Departamento de Física da UFMG, foi o vencedor, na categoria Ciência, da sexta edição do Prêmio CBMM de Ciência e Tecnologia. Promovido pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, o Prêmio concede R$ 500 mil a profissionais de destaque em cada uma das duas categorias: Ciência e Tecnologia. 

Conforme a organização do prêmio informou em seu site, o trabalho do professor ajuda a entender como funcionam os elementos que tornam possíveis as tecnologias de semicondutores e nanotecnologia, como o grafeno e os nanotubos de carbono. "Marcos Pimenta dedicou-se, junto com colegas de outras áreas, à escrita da coleção de livros Energia, matéria e vida, que traduz o conhecimento para alunos do ensino médio, tornando o assunto mais palatável. Trata-se de uma das seis coleções aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e com mais de um milhão de exemplares distribuídos", diz o texto.

A trajetória científica de Pimenta ganhou especial notabilidade devido ao trabalho com tecnologias de semicondutores e nanotecnologia, desde a década de 1990. Seus trabalhos visaram à compreensão das propriedades óticas e eletrônicas de materiais, fundamentais para o desenvolvimento de novos dispositivos para optoeletrônica.

"Considero que contribuí para Minas Gerais introduzindo a linha de pesquisa e formando recursos humanos nas áreas de nanotubos e grafenos. Os projetos que coordenei possibilitaram a formação de recursos humanos qualificados e a aquisição de equipamentos para produzir e caracterizar estes nanomateriais em outros polos no estado", informa o professor.

Laboratório Raman
Em 1993, Marcos Pimenta implantou, na UFMG, o Laboratório Raman, destinado ao estudo de cristais, polímeros e outros materiais. "Ao longo de 30 anos, várias dezenas de estudantes passaram e se formaram no Laboratório. Quatro ex-alunos são hoje professores na UFMG e vários outros atuam em outras universidades no Brasil", testemunhou. 

O professor introduziu, em 1998, a pesquisa experimental sobre nanotubos de carbono na Universidade. No ano seguinte, participou de trabalhos usando luz polarizada, por meio dos quais sua equipe conseguiu determinar as simetrias das vibrações atômicas dos nanotubos. No início dos anos 2000, Marcos Pimenta instalou, no Laboratório, um conjunto de lasers sintonizáveis, o que tornou possível realizar medidas de espectroscopia Raman ressonante. 

"O uso de múltiplas energias de excitação nos forneceu informações sobre as transições eletrônicas dos nanotubos de carbono e sobre a sua estrutura atômica, diâmetro e quiralidade. Ao mesmo tempo, realizamos trabalhos pioneiros em amostras de nanografite na UFMG medindo o espectro com diferentes linhas de laser", relata Marcos Pimenta.

Em 2006, sua equipe conseguiu produzir e medir o espectro Raman ressonante de grafeno, o que gerou uma publicação pioneira em grafeno no Brasil. "Mostramos que é possível medir com a luz as bandas eletrônicas do grafeno mudando a cor do laser", disse.

A partir de 2010, Marcos Pimenta começa a dedicar-se ao estudo de outros materiais bidimensionais e a analisar amostras de bicamadas rodadas de grafeno. Os resultados por espectroscopia ressonante possibilitaram compreender a natureza das interações entre elétrons e fônons em diferentes camadas. 

Trajetória
Marcos Pimenta é graduado e mestre em Física pela UFMG, com doutorado pela Université d’Orléans, na França, e pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT). 

Foi subcoordenador do Instituto do Milênio em Nanociências, de 2002 a 2005, e coordenador da Rede Nacional de Pesquisa em Nanotubos, de 2005 a 2009. Desde 2009, coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Nanomateriais de Carbono, rede de pesquisadores que estuda e desenvolve tecnologias em grafeno e nanotubos. O INCT tem hoje mais de 100 membros em 13 diferentes estados do Brasil e viabilizou, ao longo de 15 anos, a aquisição de equipamentos para a produção e desenvolvimento tecnológico dos materiais.

Desde 2010, Pimenta coordena o projeto que deu origem ao Centro de Tecnologia de Nanomateriais e Grafeno (CTNano), instalado no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec). O CTNano tem como meta desenvolver novas tecnologias e produtos, sempre em colaboração o setor industrial, trabalhando também no escalonamento e viabilidade comercial dos produtos. 

Prêmio CBMM
O Prêmio CBMM de Ciência e Tecnologia reconhece o trabalho de profissionais que se dedicam à produção científica e tecnológica brasileira. São elegíveis profissionais que tenham desenvolvido produtos, processos, metodologias ou serviços inovadores nas áreas de Ciências da Computação, Ciências da Terra, Ciências da Vida, Engenharias, Física, Matemática e Química.