Morre Antônio Sérgio Bueno, um dos maiores especialistas na obra de Pedro Nava
Professor construiu sólida carreira na Faculdade de Letras, onde fez graduação, mestrado e doutorado

Morreu neste sábado, dia 31 de maio, vítima de infarto, o crítico e professor de literatura brasileira da Faculdade de Letras Antônio Sérgio Bueno, uma das maiores autoridades no estudo da obra do escritor mineiro Pedro Nava. O corpo de Bueno, que tinha 79 anos, será velado neste domingo, 1º de junho, das 14h às 17h, no Memorial Grupo Zelo, em Belo Horizonte (Avenida do Contorno, 8.657, bairro Gutierrez).
Nascido em São Gotardo, na região do Alto Paranaíba, Antônio Sérgio Bueno era graduado (1968), mestre (1982) e doutor (1994) pela Faculdade de Letras da UFMG, onde se aposentou como professor. Ultimamente, lecionava literatura brasileira no Núcleo de Estudos Paidéia.
Bueno era autor de vários artigos e livros, com destaque para O modernismo em Belo Horizonte (1982), Afonso Ávila (1993) e Vísceras da memória: uma leitura da obra de Pedro Nava (1997) – o último é desdobramento de sua tese de doutorado defendida na Fale.
Crítico brilhante, professor dedicado
A morte do professor e crítico foi muito lamentada por colegas e ex-alunos. A reitora Sandra Regina Goulart Almeida, que também é docente na Fale, o definiu como “uma referência, um crítico brilhante, professor dedicado, que deixa um legado muito importante no campo da literatura".
Outro colega, o professor Wander Melo Miranda manteve estreita convivência com Antônio Sérgio Bueno, pois o orientou em sua tese de doutorado, que classificou de “impecável” à reportagem do jornal Estado de Minas. “Era um crítico excelente da poesia moderna e contemporânea, que acompanhava com entusiasmo. Pessoa agradabilíssima, sempre de bom humor e de uma alegria contagiante. Vai fazer muita falta”, disse ele.
Ex-alunos também renderam homenagens ao mestre em seus perfis nas redes sociais. A atriz e diretora de teatro mineira Yara de Novaes conta que conheceu Serginho – assim o professor era chamado pelos mais próximos – quando estudava no Colégio Estadual Central, no início dos anos 1980. “Ele fez tanto a minha cabeça que fui fazer Letras e lá [na Faculdade de Letras] me reencontrei com ele, dando aulas de Modernismo. As suas leituras ou análises de poemas eram únicas, originais e apaixonadas. Era uma pessoa dulcíssima”, disse ela, que recentemente voltou a travar contato com o professor quando ele escreveu-lhe para elogiar o espetáculo Lady Tempestade, um monólogo dirigido por Novaes no qual a atriz Andréa Beltrão interpreta uma advogada que se dedicou a salvar presos políticos.
Quem também se manifestou foi o jornalista, advogado e escritor Rogério Faria Tavares, integrante da Academia Mineira de Letras: “Ele foi um baita crítico literário. Fino analista, sofisticado intérprete. E, acima de tudo, um professor dedicado. Formou gerações. Viveu sempre no tempo da delicadeza. Fará muita falta. Viva Antônio Sérgio Bueno: hoje e sempre!".