Morre Mildred Dresselhaus, 'mãe do carbono' e doutora honoris causa da UFMG
Morreu nesta segunda-feira, 20, aos 86 anos, nos Estados Unidos, a pesquisadora Mildred Dresselhaus, que em dezembro de 2012 recebeu o título de Doutor Honoris Causa da UFMG.
Professora emérita do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), conhecida como “a mãe do carbono”, Dresselhaus construiu sua trajetória acadêmica atuando em pesquisas de nanociência e nanotecnologia, com foco em nanoestruturas de carbono.
Sua ligação com a UFMG começou em 1997, quando o professor do Departamento de Física Marcos Pimenta foi para o MIT passar um ano sabático. “O impacto dessa visita foi de transformação, tanto para a UFMG quanto para mim”, revelou a pesquisadora, ao receber o título.
Ao lamentar a morte da amiga, Marcos Pimenta enfatizou “atributos que vão além da carreira científica”, como sua grande preocupação em estimular a presença da mulher na ciência, especialmente nas “ciências duras”, e sua atuação generosa na formação de recursos humanos. "Ela dava atenção a qualquer estudante que a procurava, era uma pessoa que enxergava o outro.”
O pró-reitor de Pesquisa, Ado Jorio Vasconcelos, também aluno de Mildred Dresselhaus, no MIT, comenta que, apesar de vinculada a uma das universidades mais importantes do mundo, a professora trabalhou para o desenvolvimento científico de países da América Latina, como o Brasil. “Além da sua excelência científica, atestada por inúmeras premiações e honrarias, Mildred tinha um lado humano impressionante, uma postura de sempre auxiliar os fracos e nunca seletiva e elitista”, testemunha.
Marcos Pimenta citou a importância de Dresselhaus para a UFMG, instituição que se tornou líder no Brasil nas pesquisas com grafeno e nanotubos de carbono, a partir da parceria iniciada há exatos 20 anos. “Ela promoveu a UFMG no mundo inteiro. Em fóruns internacionais, reconhecia o grande valor do trabalho aqui realizado”, relembra o professor do Departamento de Física.
A professora esteve diversas vezes em Belo Horizonte, em temporadas de colaboração científica com a UFMG, e escreveu cerca de 100 artigos em coautoria com pesquisadores da Instituição, muitos dos quais recebeu no MIT. “Ela representou para nós, da UFMG, muito mais que uma mentoria científica. Foi um modelo de ser humano", diz Ado Jorio de Vasconcelos.
Em abril de 2009, ela ministrou conferência dentro do programa Sentimentos do Mundo e concedeu entrevista ao Boletim UFMG.
Produção acadêmica
Mildred Dresselhaus é autora de mais de mil artigos científicos com mais de 40 mil citações, mais de 600 trabalhos apresentados em conferências, seis livros publicados e 77 orientações de doutorado concluídas.
A cientista também exerceu os cargos de secretária-assistente do Ministério de Energia (DOE) dos EUA, de presidente da Sociedade Americana de Física (APS) e do Conselho Diretivo do Instituto Americano de Física (AIP) e de tesoureira da Academia Americana de Ciências (NAS). Ela também presidiu a Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS).
Mildred também foi contemplada com o título Doutor Honoris Causa, ou equivalente, em 28 universidades de diversos países, incluindo Princeton University (1992), Harvard University (1995), Université Pierre et Marie Curie, Sorbonne (1999) e Weizmann Institute (2003).
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