‘Outra estação’ mostra como a pandemia mudou a forma de fazer pesquisa na UFMG
Estudos de campo foram suspensos, e pesquisadores passaram a recorrer mais a banco de dados e a atividades on-line
Do uso frequente de máscaras às novas dinâmicas de trabalho, é difícil pensar em algo que não mudou em tempos de pandemia. Com a ciência não foi diferente. O desenvolvimento de vacinas, tratamentos e remédios para a covid-19 foi devidamente priorizado, bem como estudos que analisam os efeitos da crise sanitária mundial nos mais diversos campos.
Mas como ficaram as pesquisas em campos do conhecimento sem relação direta com o novo coronavírus? Para responder a essa pergunta, o episódio 70 do programa Outra estação, da Rádio UFMG Educativa, apresenta depoimentos de docentes e pós-graduandos da UFMG de diferentes áreas.
Com a suspensão de parte dos trabalhos experimentais, estudantes de mestrado e doutorado tiveram que alterar seus projetos de pesquisa. Uma alternativa foi trabalhar com análises em que se utilizam bancos de dados. Em meio a tudo isso, persiste a incerteza sobre prorrogações de prazos e de bolsas, assim como a escassez de recursos, agravada pela alta do dólar.
Neste episódio, foram ouvidos os docentes Glória Franco e Luiz Rosa, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Bya Braga e Eugênio Tadeu, da Escola de Belas Artes (EBA), Elias Facury, da Escola de Veterinária, Jonathas Bittencourt, do Instituto de Geociências (IGC), Maximiliano Soares Pinto, do Instituto de Ciências Agrárias (ICA), em Montes Claros, Unaí Tupinambás, da Faculdade de Medicina, e o pró-reitor de Pesquisa, Mário Montenegro Campos. Foram entrevistadas, ainda, Patrícia Lavall, mestranda do Programa de Pós-graduação em Artes, e Romilda Aparecida Lopes, doutoranda na área de Estudos do Lazer.
Pesquisas experimentais e atendimento à população
A primeira parte do programa é dedicada a pesquisas das áreas da saúde e das ciências biológicas que não guardam relação direta com a covid-19.
O professor Luiz Rosa, do ICB, fala sobre os impedimentos para a realização das expedições do projeto Mycoantar à Antártica. A professora Glória Franco, também do ICB, revela que passou a dedicar mais tempo à bioinformática, área de interface entre a informática e a biologia. Por sua vez, Unaí Tupinambás, da Faculdade de Medicina, conta que a pandemia prejudicou a prestação de serviços à população, como ocorreu com o projeto PrEP-15-19, que acompanha jovens com idade de 15 a 19 anos que fazem a profilaxia pré-exposição ao HIV.
No primeiro bloco, também são citadas pesquisas que foram adiadas ou alteradas no Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem e em programas de pós-graduação da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO).
Artes, ciências agrárias e paleontologia
Pesquisadores do Instituto de Geociências e das escolas de Veterinária e de Belas Artes, entre outras unidades, também precisaram se adaptar às condições impostas pela pandemia.
Na EBA, o professor Eugênio Tadeu relata as mudanças no Serelepe, projeto de ensino, pesquisa e extensão que passou a fazer reuniões on-line e transformou o programa de rádio, antes gravado no estúdio da Rádio UFMG Educativa, em produções audiovisuais que são publicadas no YouTube.
A professora Bya Braga, que pesquisa manifestações artísticas e culturais que fazem o uso de máscaras no Brasil, ficou impedida de acompanhar presencialmente performances e rituais, por conta das medidas de distanciamento social, e passou a se dedicar a investigações teóricas. Situação parecida ocorreu com a mestranda Patrícia Lavall, que não pôde visitar a cidade histórica de São João del-Rei para estudar uma técnica de restauração.
Na Escola de Veterinária, o professor Elias Facury destaca que uma linha de pesquisa coordenada por ele, sobre a coccidiose, doença que afeta o gado, foi suspensa pela primeira vez em 30 anos. No ICA, o professor Maximiliano Soares Pinto aborda dificuldades logísticas e financeiras para dar continuidade à análise de queijos artesanais.
O professor Jonathas Bittencourt, do IGC, relata os desafios enfrentados na área da paleontologia, com a suspensão dos trabalhos de campo. Por fim, o pró-reitor de Pesquisa da Universidade, Mario Montenegro Campos, fala sobre as perspectivas e valoriza o esforço da comunidade universitária em tempos difíceis.
Para saber mais
Plano de retorno da UFMG (versão atualizada em 4/6/21)
Protocolo de Biossegurança do ICB
ISTs avançam entre jovens e mostram redução no uso de preservativos
Produção
O episódio 70 do Outra estação é apresentado por Alessandra Ribeiro e Alicianne Gonçalves, que também assinam a produção, com participação de Filipe Guedes. Os trabalhos técnicos são de Breno Rodrigues. A coordenação de jornalismo da Rádio UFMG Educativa é de Paula Alkmim. Judson Porto é o coordenador de operações, e Luiza Glória é a coordenadora de produção. Em cada episódio, o programa aborda um tema de interesse social.
O Outra estação vai ao ar quinzenalmente, sempre às quintas-feiras, às 18h, com reprise às 7h, na sexta-feira. Todos os episódios estão disponíveis nos aplicativos de podcast, como o Spotify.