'Performers' benzem Palácio da Liberdade e desafiam hegemonia do automóvel
![Ferdinando Marcos / UFMG Pedestres se postaram na faixa e ofereceram resistência simbólica aos veículos que trafegavam pela Praça da Liberdade](https://ufmg.br/thumbor/1MjzfbdOfxB08UnG1ZXkoCCMW1k=/725x0:4564x2563/712x474/https://ufmg.br/storage/a/8/e/2/a8e260f41e8ccb8b9ee40d01ff9a62fa_14692120157709_1643406145.jpg)
Munidos de ramos de manjericão e espada-de-são jorge, plantas que, na visão popular neutralizam energias negativas, os participantes da oficina Quem tem medo da performance rumaram para a entrada do Palácio da Liberdade e benzeram a sede histórica do governo de Minas Gerais.
Crítica explícita ao momento político vivido pelo país, o ato dividiu os curiosos que passavam pelo local na tarde da última quarta-feira, 20. Uns, intrigados, bradavam: “É macumba”. Outros, em apoio, retrucavam: “Tem que benzer mesmo”. As reações extremadas não surpreenderam a artista Christina Fornaciari, doutora em Performance e idealizadora da atividade.
![Ferdinando Marcos / UFMG Alunos usaram ramos para neutralizar as energias negativas que emanam do universo da política](https://ufmg.br/thumbor/FDcrYOPepsnoOa4BNT1JrH80rkg=/0x248:2053x1615/712x474/https://ufmg.br/storage/d/0/1/7/d0176a726b78837473e0eb9ebd7a8f84_14692121101851_1298631603.jpg)
Em outro momento, Christina reuniu os participantes e propôs uma ação de resistência à supremacia dos veículos. Assim que o sinal verde de um dos semáforos na Praça da Liberdade era acionado para os transeuntes, os participantes da prática levavam cadeiras para a faixa de pedestres e lá permaneciam até que o sinal abrisse para os veículos. Logo na primeira execução do ato, um carro que ocupava a faixa foi cercado por cadeiras para o constrangimento da motorista que tentava justificar a irregularidade.
Para todos
“Conseguimos reunir de crianças a pessoas de terceira idade, além de médicos, professores, mochileiros, enfim, todos que passam e se interessam. Essa é a característica fundamental da aula aberta, na qual é possível alcançar grupos de pessoas com interesses mais amplos”, afirmou a artista.
A professora Augusta Oliveira, que nunca havia mantido contato com a prática da performance, destacou a potência política da atividade: “Chamamos a atenção de todos que passaram perto de nós. É muito bacana ver nosso ato despertando reações no outro”, disse. Perguntada sobre a sensação de se sentar na cadeira na frente dos carros, a professora sorriu e comentou: “Foi fantástico.
Quando chegar em casa vou pensar mais a respeito. Por enquanto, ainda estou em estado de euforia".
Fornaciari assentiu: “Estamos propondo um tipo de arte que, por natureza, gera reflexão, mas o objetivo principal é trazer alegria, que liberta e funciona como motor da ação”.
![Ferdinando Marcos / UFMG Christina Fornaciari, à esquerda: alegria como motor da ação](https://ufmg.br/thumbor/A1FzsOy8mFXJy6A88HmUkBHT9LQ=/0x0:1942x1296/712x474/https://ufmg.br/storage/4/9/e/a/49eab9074cb8466fc179bcc7eb3956c8_14692122134698_257555247.jpg)