Pesquisa e Inovação

Mudança no perfil demográfico não altera desigualdade de gênero na América Central

Tese de pesquisadora nicaraguense defendida na Face mostra persistência das disparidades salariais entre homens e mulheres

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Mulheres gastam 25,37 horas semanais nas tarefas domésticas, enquanto os homens dedicam apenas 3,1 horas de seu tempo na semana aos afazeres do larDEZALB I Pixabay

Quais as dimensões da desigualdade de gênero na América Central? Essa questão norteou a tese de doutorado da pesquisadora nicaraguense Ilya María Espino, defendida no Programa de Pós-graduação em Economia da UFMG. 

O trabalho foi dividido em três artigos. No primeiro, Ilya abordou a relação entre as mudanças na estrutura familiar e arranjos de vida, associados com a queda na fecundidade e com o aumento da expectativa de vida e com a desigualdade de gênero na Guatemala, maior economia da América Central e que apresentou queda na desigualdade de renda no período 2000-2014. 
 
No segundo artigo, com foco também na Guatemala, ela analisou os efeitos de características individuais, como a escolaridade, na alocação de tempo de homens e mulheres entre tarefas domésticas, cuidado com as crianças e trabalho remunerado. Para fazer todas essas análises, Ilya baseou-se em dados de levantamentos locais, como a Pesquisa Nacional de Condições de Vida feita na Guatemala pelo Instituto Nacional de Estatísticas. 
 
Os resultados mostram que as mudanças demográficas não parecem ter contribuído para mudanças na desigualdade de renda. Além disso, o estudo também revela que a queda da desigualdade de renda familiar não teve a mesma magnitude entre os domicílios analisados: famílias monoparentais, chefiadas por mulheres, por exemplo, sobrevivem com renda menor do que aquelas lideradas por homens. Outra constatação foi a de que mulheres ainda executam mais tarefas domésticas do que os homens e dedicam menos tempo aos trabalhos remunerados. 
 
No último artigo, Ilya apresentou as diferenças salariais por gênero no mercado de trabalho no chamado Triângulo Norte da América Central, que compreende Guatemala, El Salvador e Honduras. A conclusão foi de que ainda há menos oportunidades para as mulheres e que elas acabam ficando mais restritas a trabalhos de meio período e a determinadas ocupações. 

O trabalho chama a atenção para a necessidade de adoção de políticas públicas para redução da desigualdade de gênero na região, especialmente diante da crise provocada pela pandemia de covid-19, cujos efeitos são maiores entre as mulheres. Saiba mais no novo episódio do Aqui tem ciência, da Rádio UFMG Educativa.


Raio-x da pesquisa

Tese:Dimensions of gender inequality in Central America: family, work, and income
O que é: em três artigos, tese explora as dimensões da
desigualdade de gênero na América Latina a fim de compreender
aspectos como o papel das mudanças demográficas e de estrutura familiar
na distribuição de renda e os efeitos de características individuais, como a escolaridade, na alocação de tempo de homens e mulheres.
Pesquisadora: Ilya María Espino
Programa de pós-graduação: Economia
Orientadora: Ana Maria Hermeto Camilo de Oliveira
Coorientadora: Luciana Soares Luz do Amaral
Ano da defesa: 2020

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Ilya Maria Espino: mulheres têm menos oportunidades de trabalho remunerado na América Central Arquivo pessoal

O episódio 77 do programa Aqui tem ciência é apresentado por Beatriz Kalil e produzido por Paula Alkmim. Os trabalhos técnicos são de Breno Rodrigues.

O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa da Universidade.

Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.