Pesquisa e Inovação

Pesquisa traça percurso da busca de informações sobre o autismo no Facebook

Estudo abordado no ‘Aqui tem ciência’, da Rádio UFMG Educativa, indica que ‘gap informacional’ pode ser superado quando a plataforma é usada numa perspectiva capacitante de troca de experiências

Pesquisa abrange grupo do Facebook formado por 2.488 mães de crianças autistas
Pesquisa abrange grupo do Facebook formado por 2.488 mães de crianças autistas Foto: Prodeep Ahmeed | Pixabay

O percurso feito no Facebook por familiares de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) para buscar informações e compartilhar conhecimentos e boas práticas para lidar com esse distúrbio foi objeto de estudo desenvolvido pelo professor e pesquisador Leandro Cearenço Lima – ele próprio pai de uma criança autista – em seu doutorado no Programa de Pós-graduação em Gestão e Organização do Conhecimento da Escola de Ciência da Informação (ECI) da UFMG.

A falta de informação e conhecimento para lidar com os desafios no universo do autismo, identificada na pesquisa como gap informacional, pode ser superada pelos familiares quando passam a usar a plataforma como um ambiente de contexto capacitante de troca de experiências.

O pesquisador entrevistou administradoras e membros de grupos da rede social compostos apenas por mães de crianças autistas. Ele também coletou dados de posts, reações e comentários de 2.488 mães cadastradas no grupo Unidas pelo autismo

Para a validação da pesquisa, foram realizados testes empíricos: o pesquisador escolhia uma participante do grupo de forma aleatória e acompanhava todo o seu percurso para a busca de informações – desde as dúvidas que ela poderia ter até a obtenção de novos conhecimentos sobre o autismo. Ele observou que, depois de pôr o aprendizado em prática, essa mãe também passava a compartilhar informações com outras mães. Os fatores que mais se destacaram entre as preocupações identificadas foram a fala e o andar das crianças, questões relacionadas ao atendimento pelo Sistema Único de Saúde, aos direitos, à legislação e à acessibilidade.

Saiba mais sobre a pesquisa no novo episódio do Aqui tem ciência:


Continuidade
O autor pretende aplicar o modelo desenvolvido na pesquisa do percurso de busca e compartilhamento de informações sobre o autismo no Facebook em outras redes sociais mais dinâmicas, como o WhatsApp e o Instagram, para onde muitos usuários do Facebook têm migrado.  

Leandro Lima durante gravação de entrevista para o 'Aqui tem ciência'
Leandro Lima durante gravação de entrevista para o 'Aqui tem ciência' Foto: Alessandra Ribeiro | UFMG

O estudo foi realizado sob orientação do professor Frederico Cesar Mafra Pereira, do Departamento de Tecnologia e Gestão da Informação. A pesquisa contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), que concedeu uma bolsa ao pesquisador .

Caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento do indivíduo, o TEA é um distúrbio que interfere na capacidade de comunicação, linguagem, interação social e comportamento. Dados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) mostram que o Brasil realizou, em 2021, 9,6 milhões de atendimentos ambulatoriais a pessoas com autismo, das quais 4,1 milhões eram crianças de até 9 anos. 

Raio-x da pesquisa

Título: Gestão da informação e do conhecimento em redes sociais virtuais: proposição de um modelo explicativo para busca de informação e geração de conhecimento para lidar com o autismo 
O que é: Tese de doutorado que apresenta o percurso da busca de informações por familiares de crianças autistas no Facebook
Autor: Leandro Cearenço Lima
Programa de pós-graduação: Gestão e Organização do Conhecimento
Orientador: Frederico Cesar Mafra Pereira
Ano de defesa: 2024