Pesquisadores do ICB registram primeiro caso de animal com coronavírus em MG
Resultados reforçam hipótese de que os pets podem ser contaminados pelos humanos, e não o inverso
Um cão da raça boxer, que convive com uma família em que há casos confirmados de covid-19, testou positivo para o novo coronavírus durante uma pesquisa da qual participaram especialistas do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.
É a primeira vez que um animal é diagnosticado com a doença em Minas Gerais. O coronavírus já foi detectado em outros dez animais, em diferentes estados brasileiros, no âmbito do Estudo multicêntrico para a vigilância de Sars-CoV-2 em animais de companhia com interface à Saúde Única (PetCovid-19 Study), financiado pelo CNPq e pelo Ministério da Saúde.
Segundo o professor David Soeiro, que coordena o Laboratório de Epidemiologia e Controle de Doenças Infecciosas e Parasitárias do ICB, os resultados da pesquisa comprovam que os animais de estimação estão sujeitos à contaminação por humanos, mas os pets não transmitem o vírus para o homem. “Por isso, é importante usar a máscara e manter distanciamento dos animais”, recomenda o professor.
Como destaca o docente, a pesquisa tem o objetivo de esclarecer aspectos da história natural da doença, como o possível ciclo zooantroponótico. “Conforme os preceitos do SUS, são indissociáveis a saúde humana, a animal e a ambiental", observa Soeiro.
O estudo, que é realizado em Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Recife, São Paulo e Cuiabá, investiga animais de companhia cujo tutor seja portador do novo coronavírus e esteja em isolamento domiciliar.
Os laudos laboratoriais são emitidos pelo Laboratório Tecsa Saúde Animal, e, em Belo Horizonte, também colabora na testagem o Laboratório de Virologia Molecular, coordenado pelo professor Renato Santana, do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do ICB.
Busca por voluntários
O projeto segue em busca de voluntários. Interessados devem entrar em contato pelo e-mail covidufmg@gmail.com. Os participantes devem assinar um termo de consentimento e preencher um questionário de televigilância, a fim de informar as características ambientais e outros fatores associados à infecção nos animais.
Para análise da transmissão de Sars-CoV-2 entre humanos e seus animais, são coletadas amostras biológicas com intervalo médio de sete dias. Os resultados dos testes são informados por telefone e por e-mail ou aplicativo de comunicação (emissão de laudo eletrônico).