Poluição na Antônio Carlos é superior ao limite recomendado pela legislação
Avenida é um dos maiores corredores de BH e principal acesso à UFMG
Cerca de 85 mil motoristas circulam diariamente pela avenida Antônio Carlos, segundo a BH Trans. Um dos maiores corredores de Belo Horizonte e principal acesso à UFMG, a via apresenta concentração de poluentes superior ao que é recomendado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O dado foi observado em duas pesquisas realizadas na Universidade e no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), que utilizaram métodos diferentes.
O primeiro estudo, da mestre em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais pelo CDTN, Raisa Sant’Ana, utilizou dois softwares que estimam a quantidade de poluentes emitida pelos veículos na avenida, a partir de informações como a média do tráfego durante 8 horas. A pesquisa foi realizada ainda na graduação de Raisa e teve parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte e com a BHTrans. Os softwares utilizados foram Traffic e Airmode, que exigem licença de uso.
Já no mestrado, a pesquisadora utilizou um software gratuito e o volume de tráfego de um ano na Antônio Carlos, além das características dos veículos obtidas a partir de imagens de radar. O objetivo da pesquisa era validar software gratuito para que órgãos públicos e empresas tenham opções de software acessíveis. Os resultados apontam que o nível de concentração de poluentes é maior que o estabelecido pela legislação.
A mesma conclusão foi obtida a partir de amostragem realizada pelo doutorando em Ciências Técnicas Nucleares da UFMG, Igor Moura. A partir de um equipamento de sucção ele pôde analisar amostras dos componentes do ar nessa região da cidade. A amostragem foi realizada de 2017 e 2018. A previsão é de que ele conclua o doutorado em fevereiro de 2020.
Apesar de conclusão similar, os níveis de concentração de poluentes encontrados por Igor Moura são maiores que os encontrados por Raisa Sant’Ana pois a pesquisa dela considera apenas o material oriundo de fontes veiculares enquanto a amostragem ambiental considera outras fontes de emissão na avenida Antônio Carlos, como a mineração, construção civil e fontes antropogênicas.
Entrevistados: Raisa Sant’Ana – mestre em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais – CDTN; Igor Moura – doutorando em Ciências Técnicas Nucleares – UFMG
Equipe: Leonardo Milagres (produção e reportagem), Antônio Soares, Ângelo Araújo e Ravik Gomes (imagens), Marcelo Duarte (edição de imagens), Jessika Viveiros (edição de conteúdo)