Professora da UFMG concilia a pesquisa com o tratamento da filha que tem paralisia cerebral
Graziela Andrade, professora da Escola de Belas Artes, vai ao Canadá realizar sua pesquisa de pós-doutorado e um novo tratamento para a filha
A maternidade e a pesquisa acadêmica podem parecer incompatíveis, em um primeiro momento, levando-se em consideração a exigência pela produtividade no meio científico. Esse é um debate feito em todo mundo e, no Brasil, as agências de fomento direcionam verbas com critérios baseados em qualidade e quantidade de publicações. Quando uma pesquisadora se torna mãe, a tendência é haver uma mudança da relação com o trabalho, tendo em vista a diminuição do tempo disponível para a atividade. Mas as formas de cobrança não mudam. Com a proximidade do Dia das Mães, que comemoramos no próximo domingo, o Conexões de hoje traz a experiência da professora da Escola de Belas Artes da UFMG, Graziela Andrade. Ela desenvolveu uma nova forma de conciliar a pesquisa com o tratamento da filha mais nova, de 4 anos, que tem paralisia cerebral. A docente passou por momentos difíceis, desenvolveu depressão e até chegou a acreditar que a maternidade levaria ao fim da carreira acadêmica. Afastada da vida universitária desde então, ela decidiu retornar após perceber que, como mãe de uma criança com deficiência, ela nunca havia parado de pesquisar de fato, mas sim mudado os interesses de conhecimento. Agora, elas estão prestes a embarcar para o Canadá, onde vão experimentar uma técnica ainda inédita no Brasil: Adapted Spiral Praxis, do canadense de origem japonesa Yuji Oka. Além disso, a docente foi aceita pela Universidade de Montreal, onde vai colocar em prática a sua pesquisa de pós-doutorado, relacionando a dança e estímulos corporais à paralisia.
Para financiar os custos de deslocamento e estadia de 10 dias na cidade, a professora Graziela abriu um financiamento coletivo, que está nos últimos dias. Para conhecer mais dessa história, você pode acessar benfeitoria.com/projeto/sapecaleleca.
Para abordar todo esse contexto e refletir sobre maternidade e carreira acadêmica, o programa Conexões conversou com a professora, artista e pesquisadora da Escola de Belas Artes da UFMG Graziela Andrade. Durante a conversa, a professora refletiu sobre o acolhimento e as exigências do mundo acadêmico em relação às pesquisadoras que são mães. Graziela contou de sua experiência e de quando julgou que a maternidade acabaria com a carreira acadêmica dela. Por outro lado, a docente percebeu que não pararia com a pesquisa, mas redirecionou suas reflexões a partir da condição de uma das filhas.