Programa Universo Literário discute a autoficção
Gênero foi tema da pesquisa de doutorado na Faculdade de Letras
A autoficção como gênero literário é alvo da curiosidade de muitos pesquisadores. O termo já existe desde a década de 1970, quando foi criado pelo escritor Serge Doubrowsky, mas continua a ser prevalente no ambiente acadêmico. De forma simplificada, a autoficção seria a junção da autobiografia à narrativa ficcional. Investigar como os dois caminham juntos foi o tema da pesquisa de Ewerton Martins Ribeiro, intitulada Apuração de haveres ou o pacto autoficcional, que faz análise do gênero autoficcional.
Ewerton Martins Ribeiro é doutor em Literatura pela UFMG, jornalista na UFMG, autor da novela A Grande Marcha, publicada em 2014, além de já ter escrito contos e outros suplementos literários. O jornalista e escritor foi o convidado do programa Universo Literário desta segunda-feira, 12. Durante a entrevista, ele falou sobre sua tese, as nuances das obras autoficcionais e fez algumas recomendações para quem quer conhecer o gênero.
“O pacto autoficcional é uma espécie de contrato que uma obra estabelece com o seu leitor, ou melhor, impõe: coloca o leitor numa situação em que ele se torna incapaz de saber sob qual registro está consumindo aquela narrativa", explicou o pesquisador. Num pacto ficcional, quando você vê um filme, por exemplo, você sabe que está consumindo um registro de mentira, e ainda sim se emociona. Num pacto autobiográfico, a gente também se emociona e sabe que está se envolvendo com algo real, que ocorreu. Mas, numa obra de autoficção, o pacto não nos permite definir se estamos nos emocionando com algo que é mentira ou que é real”, explicou.
Produção: Carlos Ortega e Marden Ferreira, sob orientação de Luíza Glória
Publicação: Flora Quaresma, sob orientação de Hugo Rafael