Extensão

Sol e céu azul embelezam mais uma manhã do Domingo no Campus

Escorregador com água, oficinas de libras, pipa e yoga mobilizaram expressivo público infantil

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A oficina de pipas uniu diferentes gerações e coloriu o céu da Universidade
Foto: Júlia Duarte / UFMG

A vista do céu impecavelmente azul, cortado por dezenas de pipas coloridas, foi uma das cenas mais bonitas e marcantes da 14ª edição do Domingo no Campus, que reuniu cerca de 1 mil pessoas na manhã de hoje, 2 de setembro.

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Matheus passou a manhã soltando pipa no gramado da Reitoria
Foto: Júlia Duarte / UFMG

Acompanhado do filho Matheus, de sete anos, Marciano Martins, natural de Raul Soares, empinava sua pipa amarela – o que o fazia recordar-se da infância vivida no interior mineiro. “Sempre foi uma das minhas brincadeiras favoritas. É uma pena que na capital seja um pouco difícil encontrar um local adequado para soltar pipa!”, observou. 

Enquanto isso, o pequeno Matheus, estudante do primeiro ano do ensino fundamental no Centro Pedagógico (CP) da UFMG, dividia a atenção entre os artefatos voadores e sua bola de futebol, que rolava em espaço quase ilimitadamente aberto.

No Bosque da Música, o tradicional projeto Tô de boa, tô no campus envolveu um público majoritariamente composto de crianças com diversas atividades. Na estação chefiada pelo instrutor Gustavo Haruki, ocorriam duas aulas paralelas, a de board games (jogos de tabuleiro) e a sword play (jogo de espada) – esta última, bastante concorrida. “Os meninos adoram a ação da luta de espadas”, comentou o instrutor, que cursa o quinto período da graduação em Educação Física.

A espada usada na atividade, muito leve, é confeccionada em borracha EVA. Os golpes, como ressaltou, não envolvem força, apenas a precisão do toque. “Se atingido em uma das pernas, por exemplo, o lutador ‘perde’ o membro e tem que seguir na luta pulando como um saci”, explica. “Achei bem interessantes os movimentos, aprendi algumas coisas e também me diverti”, contou o participante Lucas Rafael, que avaliou seu desempenho como “razoável”.

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O jogo de espadas foi uma das atividades mais concorridas do evento
Foto: Júlia Duarte / UFMG

Na escadaria da Reitoria, crianças repetiam os bem calculados movimentos da instrutora Maria Clara Mendes, estudante de Psicologia, responsável pela oficina Criança também faz yoga. Para a monitora, o domingo, que seria o dia de repor as energias para a semana de atividades acadêmicas, acabou se tornando uma valiosa oportunidade de ensinar e divulgar o yoga, além de importante momento de troca com as crianças. “Vale todo o meu domingo. É muito bom. É gratificante ver a alegria e satisfação das crianças”, orgulha-se.

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Crianças deram seus primeiros passos na prática da yogaFoto: Júlia Duarte / UFMG
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Após participar da oficina de yoga, Caíque partiu para o toboáguaFoto: Júlia Duarte / UFMG

Caíque, de 7 anos, é um contumaz frequentador do Domingo no Campus. Hoje chegou cedo para praticar yoga pela primeira vez. “Achei muito legal. Gostei muito”, respondeu, eufórico, antes de correr, entusiasmado, para o tobogã do Território de Experimentação com Água (TEA).

Érika Patrícia, que mora nas imediações do campus, visitou a UFMG com seus dois filhos, Rebeca, de nove anos, e Heitor, de apenas um. “Sempre gostei de frequentar o campus. Eventos como esse são muito legais porque fazem a comunidade participar do cotidiano da universidade”, comentou. 

A menina estava prestes a escorregar no toboágua montado na Bosque da Música quando foi chamada para participar da entrevista. “Eu já estava na metade da fila e perdi o meu lugar”, queixou-se.

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Para Érika Patrícia, é valiosa a participação da comunidade externa no cotidiano da UniversidadeFoto: Júlia Duarte / UFMG

Nas imediações, duplas de meninos se revezavam para participar do jogo de minitênis, ensinado pela graduanda Luiza Cupertino, do 9º período em Educação Física. “Os alunos são muito pequenininhos e não têm a coordenação motora bem desenvolvida. Ensino o básico para que eles se divirtam”, comentou. Segundo Luiza, além do minitênis, modalidades esportivas como slackline e arco e flecha, além de oficinas de pintura e massinha, são ministradas no âmbito do Programa de Educação Tutorial (PET), de que faz parte.

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Os amigos Matheus e Marco Antônio se divertiram com a prática do minitênisFoto: Júlia Duarte / UFMG

Motivado pela convivência com uma sobrinha que é deficiente auditiva, o servidor da UFMG Ivan Santos trouxe a filha Cecília, de dois anos, para aprender um pouco sobre a Língua Brasileira de Sinais na oficina Animais com Libras.

“Optamos por abordar a temática dos animais porque esse assunto é familiar para as crianças e, muito facilmente, gera identificação”, explicou a monitora Carla Tatiane, que é estudante regular de Pedagogia e também cursa Libras no Centro de Extensão (Cenex) da Faculdade de Letras.

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Na oficina de Libras, as crianças aprenderam a pronúncia dos nomes dos animais Foto: Júlia Duarte / UFMG

A arte musical também foi contemplada nesta edição do Domingo no Campus. Paulo Mariano, servidor técnico-administrativo, é músico do Grupo Regional Tangará, que toca música instrumental brasileira. O conjunto fez um ensaio aberto na Praça de Serviços e encantou a plateia com um repertório de cirandas, choros, valsas, maxixes, xotes e baiões. “É uma honra podermos, com nossa arte, contribuir para o Domingo no Campus", disse Paulo Mariano, que trouxe a família para se divertir.

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Grupo acostumado a escalar árvores aproveitou a paisagem da UFMGFoto: Júlia Duarte / UFMG

Aventureiros
Ian, de 6 anos, adora ir a lugares que tenham boas árvores para “escalar”, diz seu pai, o boliviano Jhojan Rojas. Ian não estava sozinho. Outras crianças ágeis o seguiam e, num piscar de olhos, subiam na copa de uma das árvores do campus. Eles souberam do Domingo no Campus por meio do Clube dos Aventureiros, grupo de crianças de uma igreja que saem juntas pela cidade em busca de aventuras. “Um foi avisando o outro. Acho excelente a ideia do Domingo no Campus porque podemos aproveitar todo este espaço, que é público. É um evento bem organizado e que ajuda a integrar pais e filhos”, elogiou Jhojan, sem desgrudar os olhos do galho onde encontrava seu filho.

Camila Inês aproveitou o domingo de sol para fazer um piquenique em família. Ela repetiu a experiência vivida na edição do Domingo no Campus de abril deste ano. Seu filho Guilherme, de 6 anos, é autista. Segundo Camila, em Belo Horizonte não há muitas oportunidades como esta que favorecem a interação com inclusão. “É uma oportunidade única porque a inclusão é uma experiência muito difícil para os autistas. Esse evento possibilita deixarmos as crianças soltas, uma tentando interagir com a outra, permitindo que eles tenham o conhecimento do toque, do grito. É muito bom", testemunhou, destacando que o Domingo no Campus se transformou em ponto de encontro do grupo Unidos pelo Autismo, do qual ela faz parte.

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Camila Inês (à direita): oportunidade única para famílias que têm crianças autistasFoto: Júlia Duarte / UFMG
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Sandra Goulart: crescimento do público infantilFoto: Júlia Duarte / UFMG

Adesão
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida ressaltou o crescimento da adesão do público – especialmente crianças – como uma importante conquista do projeto Domingo no Campus. “Belo Horizonte carece de espaços como este, que é aberto para a família e oferece inúmeras opções de esporte e de lazer”, observou.

A organização do evento, segundo a reitora, tem aberto, para a comunidade, a apresentação de sugestões de atividades, contribuindo para a popularização do projeto. “A participação tem aumentado, para nossa grande satisfação. Espero que o Domingo no Campus, que começou como um projeto pequeno e hoje é muito amplo e relevante, seja cada vez mais expandido”, afirmou.

Para a pró-reitora de Extensão, Cláudia Mayorga, “o Domingo no Campus tem promovido a diversidade, em todos os sentidos”. Entre os objetivos alcançados pelo projeto, ela enumerou o engajamento de servidores, professores e alunos nos projetos da universidade para além dos compromissos acadêmicos e profissionais. “É uma celebração do encontro. A equipe que o organiza abraçou essa ideia e tem só melhorado, qualificado e diversificado as atividades. Pessoas que nunca estiveram na UFMG agora têm frequentado o campus”, comentou.

A vinculação do público do projeto a políticas públicas inclusivas, por exemplo, o ensino a crianças autistas, a questão feminista e a agricultura familiar também são, para Cláudia Mayorga, exemplos do aprimoramento das dinâmicas propostas.

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João e Sâmia visitaram o campus com a dupla de dálmatas Theo e Pongo Foto: Júlia Duarte / UFMG

Cláudia Amorim e Matheus Espíndola