Institucional

UFMG aprova cancelamento da Stock Car e espera que evento não ocorra mais na Pampulha

​Universidade desembolsou mais de R$ 1 milhão para reduzir impactos da edição de 2024; organizadores não adotaram ações mitigatórias

Protesto contra a realização da Stock Car nas imediações do campus Pampulha em agosto do ano passado
Protesto contra a realização da Stock Car nas imediações do campus Pampulha em agosto do ano passado Foto: Redes Sociais da UFMG

Foi com alívio, mas sem surpresa, que a UFMG recebeu a notícia do cancelamento da etapa 2025 do BH Stock Car Festival, que seria realizada de 15 a 17 de agosto, no entorno do campus Pampulha. O anúncio foi feito na noite da última segunda-feira, dia 7, pelos organizadores do evento, que alegaram dificuldades para garantir o cumprimento de padrões de segurança e de qualidade da prova em tempo hábil.

A decisão é mais uma evidência de que o local não é adequado para sediar uma corrida automobilística, como ficou demonstrado nos vários estudos desenvolvidos no âmbito da Universidade e por outras instituições, como o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Minas Gerais.

O contrato firmado entre a Prefeitura de Belo Horizonte e os organizadores da prova previa a realização de cinco edições do festival – de 2024 a 2028. A primeira edição, ocorrida em agosto do ano passado, ocasionou grandes impactos científicos e ambientais, obrigando a UFMG a desembolsar mais de R$ 1 milhão para transferir animais do Hospital Veterinário, proteger os animais dos biotérios e proporcionar segurança para a comunidade. Pelo lado dos organizadores, nenhuma ação mitigatória foi empreendida até o momento.

A etapa belo-horizontina da Stock Car foi transferida para Cascavel, no Paraná, onde será disputada em um autódromo, estrutura especialmente preparada para essa finalidade. As outras etapas brasileiras da modalidade automobilística também ocorrem em autódromos, diferentemente de BH onde foi montado um circuito de rua improvisado.

Defesa da ciência, do meio ambiente e do bem-estar
A UFMG, sua comunidade e os moradores da Pampulha nunca se posicionaram contrariamente à realização da corrida e sempre manifestaram disposição para ajudar a encontrar um local adequado para a realização da prova. “No entanto, nunca transigimos quando se trata de defender a ciência, o meio ambiente e o bem-estar da população”, afirma a reitora Sandra Regina Goulart Almeida.

A posição da UFMG recebeu “irrestrito apoio” do Conselho Universitário, registrado em moção divulgada em março do ano passado e também contou com o respaldo do Ministério Público Federal, que interpôs várias ações questionando a realização da prova na Pampulha.

A expectativa da UFMG é que a prova não ocorra mais na região da Pampulha, e os organizadores encontrem um local mais adequado para a sua realização. “É fundamental que os organizadores, patrocinadores e o poder público se unam para garantir a realização desse evento em condições efetivamente sustentáveis”, defende a reitora Sandra Goulart Almeida.