Áreas mais secas entre a Amazônia e o Cerrado abrigam maior diversidade de plantas
Pesquisa liderada por professor do ICB contraria entendimento segundo o qual as regiões mais úmidas reuniriam maior número de linhagens
![Arquivo pessoal Danilo Neves em trabalho de campo na Floresta Nacional de Caxiuanã, na Amazônia paraense](https://ufmg.br/thumbor/B2Nwvo4ZmQqNDi9FCI2CcCJiF4I=/0x0:354x542/352x540/https://ufmg.br/storage/9/f/8/5/9f8544184bc684710fdeca46ec8c479e_15807592644645_171720030.jpg)
Resultados de estudo recém-publicado na revista Scientific Reports contrariam o entendimento de décadas sobre a forma como a diversidade de plantas é distribuída ao longo de gradientes de precipitação (chuva). Os pesquisadores esperavam encontrar maior diversidade de linhagens de plantas em áreas mais úmidas, como a Amazônia, mas acharam um número maior em regiões sazonalmente secas, na transição da Amazônia para o Cerrado brasileiro.
O trabalho é resultado da investigação de 20 pesquisadores de instituições da América do Sul e do Reino Unido, incluindo dois docentes da UFMG: Danilo Neves, que lidera a pesquisa, e Ary Oliveira-Filho, ambos do ICB.
A maior parte dos estudos está focada na comparação da diversidade de linhagens – tanto de plantas quanto de animais – entre regiões com clima mais frio e regiões mais quentes. No entanto, nas regiões tropicais, existem várias outras condições ambientais que vinham sendo negligenciadas pelas pesquisas, como a distribuição baseada em diferentes condições de precipitação ou os impactos das mudanças climáticas globais. O novo estudo aumenta a compreensão específica sobre a distribuição das linhagens de plantas com flores, também conhecidas como angiospermas, na América do Sul.
“Foram mais de três anos de trabalho de campo com o objetivo de encontrar centenas de linhagens de plantas. As atividades de campo concentraram-se no Brasil, na Bolívia e no Peru", informa Danilo Neves.
O estudo coordenado pelo professor foi abordado na edição 2085 do Boletim UFMG, a primeira de 2020.