Dois anos após a tragédia de Brumadinho, danos ainda são desconhecidos
A Justiça busca um quadro mais preciso de pessoas e comunidades atingidas pelo rompimento da barragem
A barragem B1 da mineradora Vale na mina Córrego do Feijão, situada no município de Brumadinho, rompeu-se em 25 de janeiro de 2019. A lama de rejeitos de minério matou 270 pessoas, das quais 11 continuam desaparecidas, de acordo com a contagem oficial. Dois anos depois, os prejuízos causados por esse desastre ainda não são totalmente conhecidos. A Justiça e os demais agentes públicos envolvidos no processo de reparação dos danos buscam um quadro mais abrangente das pessoas e comunidades atingidas, como mostra reportagem produzida pela Rádio UFMG Educativa.
“De uma forma geral, a gente tem um universo imenso de pessoas atingidas ao longo de toda a bacia do Rio Paraopeba”, disse à UFMG Educativa a procuradora da República Flávia Cristina Tôrres, integrante da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) que atua no caso Brumadinho. “O que se busca até hoje, enquanto tramita o processo, é que seja feito esse diagnóstico dos danos para que se possa delimitar, com mais precisão, as pessoas atingidas e buscar a reparação”, acrescentou.
À medida que mais indivíduos e grupos afetados são conhecidos, o MPF, o Ministério Público de Minas Gerais e defensorias públicas pedem que a mineradora Vale conceda medidas emergenciais a quem ainda não foi atendido. “A gente percebe e enfrenta uma certa resistência da Vale em relação a algumas comunidades. Temos tentado alterar essa postura”, informou Flávia Cristina Tôrres.
Por sua vez, a mineradora, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma que “permanece empenhada em reparar integralmente os atingidos e as comunidades impactadas pelo rompimento da barragem” e que trabalha “na entrega de projetos que promovam mudanças duradouras para recuperar as comunidades e beneficiar a população de forma eficaz”. Segundo a Vale, mais de 8,7 mil pessoas já foram indenizadas com mais de R$ 2 bilhões.
Os danos provocados pelo rompimento da barragem vão muito além dos classificados como “materiais”, como ressaltam duas entrevistadas pela reportagem da UFMG Educativa: a agricultora familiar Soraia Campos, membro da comissão de atingidos do Parque da Cachoeira, bairro de Brumadinho, e a professora Raquel Oliveira, do Departamento de Sociologia da UFMG, especialista em conflitos ambientais e desastres. Além disso, as buscas por corpos de vítimas da tragédia continuam, como nos contou o porta-voz do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, tenente Pedro Aihara.
Saiba mais ouvindo a reportagem produzida por Tiago de Holanda, com trabalhos técnicos de Breno Benevides.
A reparação às comunidades tradicionais atingidas pelo rompimento da barragem de Brumadinho é o tema da segunda reportagem especial sobre o desastre ambiental que ocorreu há dois anos.