A sociedade precisa conhecer a importância da Universidade para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. E o Instituto de Ciências Biológicas (ICB) deve ser respeitado por seu imenso compromisso social, afirmou o professor Carlos Augusto Rosa, ao tomar posse, nesta sexta, 18 de maio, como diretor da Unidade, para a gestão 2018-2022. Sua administração será “compartilhada”, como ele sugeriu, com a professora Elida Mara Leite Rabelo. Carlos Rosa sucede a Andrea Mara Macedo, de quem foi vice-diretor nos últimos quatro anos.

“Precisamos com urgência mostrar esse nosso compromisso, seja na formação de profissionais altamente qualificados, seja na pesquisa científica, na extensão universitária, na inovação tecnológica. Nossas ações devem ser divulgadas de forma responsável”, disse Carlos Rosa à plateia que quase lotou o auditório 3 do ICB. Estiveram presentes, além de estudantes, servidores técnicos e docentes, membros da equipe de gestão da UFMG, dirigentes de unidades e professores eméritos. Os diretores do Instituto foram representados, à mesa, pelo professor Tomaz Aroldo da Mota Santos, que esteve à frente do ICB por duas gestões e foi reitor da Universidade (1994-1998).

Carlos Rosa destacou que o ICB, que completa 50 anos, é um dos centros mais importantes da Universidade e, também, nos cenários nacional e internacional. Segundo ele, o Instituto cresceu muito nos últimos anos e “não cabe mais no espaço que ocupa”. “Temos um problema de infraestrutura muito grave e contamos com o apoio da Reitoria para a reforma do prédio e a construção do anexo de aulas práticas, do prédio das Coleções Taxonômicas e do bloco com o biotério de experimentação animal”, enumerou o novo diretor, anunciando que pretende buscar recursos de emendas parlamentares e aqueles advindos de multas de compensação ambiental.

O professor do Departamento de Microbiologia, que entremeou seu discurso com tiradas bem-humoradas, disse que vai trabalhar para melhorar a estrutura de atendimento aos alunos de graduação, proporcionar melhores condições para o trabalho de campo dos estudantes, construir uma biblioteca moderna e oferecer novos cursos de capacitação para os servidores técnico-administrativos, entre outras iniciativas. No campo da extensão, Carlos Rosa ressaltou a necessidade de ampliar as atividades, tanto aquelas gratuitas quanto as que visam à captação de recursos financeiros. “O Instituto necessita muito melhorar a captação de recursos próprios”, enfatizou.

Em breve discurso, a vice-diretora Elida Rabelo agradeceu a confiança da comunidade do ICB, afirmou seu compromisso com isenção e respeito a todos e se disse grata “pela oportunidade de vivenciar o diverso na participação em órgãos colegiados e instâncias decisórias”.

Anos intensos
Em sua fala de despedida, após mencionar algumas realizações nas áreas administrativa e acadêmica, Andréa Macedo afirmou que os últimos quatro anos foram muito intensos, “os anos mais rápidos e felizes da minha vida”. Ela fez diversos agradecimentos, destacando que as pessoas tornaram melhor a vida no ICB, “em épocas obscuras da república brasileira, de golpes na ciência, na educação, nos direitos humanos, na universidade pública”.

“Chegamos ao final da gestão com a confiança de que vivemos com alegria, empenho e dedicação cada um de seus 1.380 dias. Se muito fizemos, haverá ainda muito mais a ser realizado”, afirmou Andréa Macedo. Junto com Carlos Rosa e Elida Rabelo, ela fora saudada, minutos antes, pela professora Maria Elena de Lima Perez Garcia.

Para a oradora, Andréa “brilhou” à frente do ICB, reforçando sua imagem de profissional sensata e comprometida. Sobre a nova vice-diretora, Maria Helena disse que está “preparada para os desafios do ICB”. E Carlos Rosa foi definido por ela como “firme e dócil, sábio e simples”.

Corresponsabilidade
Ao fechar a cerimônia, a reitora Sandra Goulart Almeida deu as boas-vindas aos novos diretores e exaltou o espírito de solidariedade e a institucionalidade da atuação de Andréa Macedo. Disse que a ocasião era propícia para reafirmar a maneira de a UFMG se organizar para uma gestão compartilhada, que transcende a estrutura colegiada de tomada de decisões. “Peculiar à UFMG tem sido nossa opção por um regime de corresponsabilidade, no qual o conjunto de dirigentes eleitos assume coletivamente a missão de desenhar as respostas às questões complexas, sensíveis e às escolhas muitas vezes difíceis que se colocam pelo caminho”, afirmou Sandra, garantindo que Carlos e Élida poderão contar sempre com toda a equipe do reitorado para uma gestão “articulada, integrada e principalmente resistente e combativa”.

A reitora salientou que a UFMG tem as virtudes da tradição e da experiência, ao mesmo tempo que, “com a necessária ousadia, assume protagonismo crítico e propositivo nas diversas dimensões da institucionalidade e da sociedade brasileiras”. Segundo ela, discutir com a comunidade, mobilizar meios e pôr mudanças em prática compõem o exercício do protagonismo que leva à reinvenção constante da instituição, que responde às necessidades do presente e se prepara para o futuro. “Nossos projetos, enquadrados na duração de um ciclo, terminam por se sucederem, constituindo uma história muito maior do que aquela que cada um de nós escreve.”

Sandra Goulart Almeida lembrou os contingenciamentos orçamentários que vêm estrangulando as universidades federais e o desrespeito a preceitos fundamentais da Constituição, “em especial aqueles que tratam do respeito ao cidadão e às instituições públicas, do direito à liberdade de expressão e da presunção da inocência”.

Entretanto, destacou a reitora, a vitalidade que caracteriza a UFMG confere tranquilidade, “mesmo em tempos de turbulência e incerteza, de que seguiremos em frente, com coragem e energia”. Sandra recomendou lucidez para a compreensão do significado do tempo presente e das tarefas que se impõem e otimismo para a missão de prospectar o futuro. “Pois se o futuro, por definição, encontra-se em aberto, ter um mundo novo cuidadosamente imaginado é condição indispensável para fazer avançar o nosso ideal de nação”, afirmou.

Trajetórias
Graduado e mestre pela UFMG, com doutorado em Ciências (Microbiologia) pela UFRJ e pós-doutorado na University of Western Ontario (Canadá), Carlos Rosa é membro do comitê assessor do CNPq na área de Microbiologia e Parasitologia. Coordenou o Centro de Extensão do ICB, o Colegiado da Graduação em Ciências Biológicas e o Núcleo de Apoio à Pesquisa do Instituto. Sua experiência se concentra em Micologia, com pesquisa em taxonomia de leveduras – participou da descrição de mais de 80 espécies novas. É curador do acervo de leveduras e bactérias da Coleção de Micro-organismos e Células da UFMG (credenciada como fiel depositária de amostra do componente do patrimônio genético pelo CGEN). Atua hoje na bioprospecção de leveduras da biodiversidade brasileira capazes de fermentar D-xilose para a produção de bioetanol. 

Elida Rabelo é graduada e mestre pela UFMG, com doutorado em Biologia Molecular pelo National Institute For Medical Research (Inglaterra). Realizou pós-doutorado na UFMG e na University of Melbourne (Austrália). Chefiou o Departamento de Parasitologia do ICB. Sua experiência tem ênfase em biologia molecular de parasitos, e ela atua principalmente em variabilidade genética de ancilostomídeos, estudos pós-genoma de helmintos, geração de marcadores moleculares para ancilostomídeos e associação da infecção por ancilostomídeos com alterações metabólicas como obesidade e desnutrição.