Entre avanços e incertezas: simpósio debate técnica de edição de genomas
CRISPR impede a replicação de vírus
Análises sobre o emprego da técnica CRISPR (Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas) serão a tônica do Simpósio Edição de genomas com CRISPR: avanços para a saúde humana e suas implicações éticas e regulatórias. O evento ocorrerá na próxima terça, dia 11, a partir das 13h, no auditório nobre da Escola de Engenharia, campus Pampulha.
A programação terá duas mesas-redondas, nas quais serão abordados os recentes avanços da edição de genomas, as promessas e controvérsias da manipulação genética em humanos e em embriões, além dos limites éticos e questões legais relacionadas a pesquisas da área. “Esperamos que as discussões geradas no simpósio possam disseminar o conhecimento sobre essa nova e promissora tecnologia entre a comunidade da UFMG, mostrando os benefícios que ela pode trazer para a sociedade e contribuir para o debate sobre questões éticas e legais que devem, obrigatoriamente, estar associados à sua utilização", afirma a organizadora do evento, professora Santuza Maria Teixeira, do Departamento de Bioquímica e Imunologia.
As discussões envolverão especialistas de áreas como biomedicina, filosofia e direito. As atividades serão abertas ao público, e as inscrições para o simpósio devem ser feitas mediante preenchimento de formulário eletrônico. Haverá emissão de certificados de participação.
Banco de memória
A técnica CRISPR-Cas9 é baseada em um sistema natural de modificação do genoma em bactérias. Cientistas descobriram que as bactérias capturam fragmentos de DNA de vírus invasores e os inserem no meio de sequências de DNA conhecidas como CRISPR. As matrizes CRISPR, que funcionam como banco de memória, possibilitam que as bactérias "se lembrem” dos vírus que as infectaram no passado. Assim, caso os vírus ataquem novamente, a técnica impedirá sua replicação.
Nos últimos sete anos, a técnica tem revolucionado o campo da genética. Por ser extremamente eficiente, de rápida aplicação e baixo custo, ela passou a ser largamente empregada por cientistas na edição de genes de micro-organismos, plantas, animais ou em humanos, incluindo a modificação do genoma em células germinativas e em embriões.
Entretanto, sua aplicação esbarra em aspectos éticos e de biossegurança, uma vez que ainda não há estudos suficientes sobre os impactos da edição de genes para as gerações futuras ou se o uso da técnica pode gerar mutações genéticas prejudiciais à vida no Planeta.